«Espetáculo único e inacreditável para quem não foi testemunha dele»
Lisboa, 12 out 2017 (Ecclesia) – O relato do “Milagre do Sol”, a 13 de outubro de 1917 na Cova da Iria, chegou até nós, para além das palavras da própria Lúcia, sobretudo através do relato de Avelino de Almeida (1873-1932).
O anunciado acontecimento prodigioso – “para que todos acreditem”- em Fátima tinha sido anunciado pela Virgem Maria um mês antes, segundo o relato recolhido por Lúcia, uma das três videntes da Cova da Iria.
À espera estavam dezenas de milhares de pessoas, desde crentes a meros curiosos.
O fenómeno foi relatado por Avelino de Almeida, correspondente de ‘O Século’, acompanhado pelo fotógrafo Judah Bento Ruah, publicado a 15 de outubro (data de redação: 13 de outubro de 1917), que se deslocou até ao local das aparições para acompanhar este acontecimento.
“O astro lembra uma placa de prata fosca e é possível fitar-lhe o disco sem o mínimo esforço. Não queima, não cega. Dir-se-ia estar-se realizando um eclipse”, lia-se no já citado relato, sobre um “espetáculo único e inacreditável para quem não foi testemunha dele”.
Fátima passaria a estar, mais do que nunca, debaixo da atenção de crentes e não crentes.
Do ponto de vista da imprensa, os campos estavam bem definidos, entre jornais de orientação católica e as publicações de inspiração republicana, maçónica e do Livre Pensamento, com destaque para o ‘Mundo’ (órgão oficial do Partido Democrático de Afonso Costa) e o ‘Livre Pensamento’ (órgão oficial do próprio Livre Pensamento).
Há que somar a este lote as publicações de duas organizações, a Associação do Registo Civil e a Federação do Livre Pensamento.
A 15 de outubro, o ‘Diário de Notícias’ publica um despacho com data do dia 13, de Vila Nova de Ourém, aludindo a um “extraordinário número de pessoas”; este jornal voltaria a falar de Fátima a 24 de outubro, realçando o “tão afamado fenómeno do dia treze do corrente mês”, noticiando o abate de uma árvore, erradamente tomada como a azinheira das aparições.
A Documentação Crítica de Fátima integra no seu primeiro volume (documento 27) o depoimento do padre Luís Andrade e Silva, que narra o que viu em 13 de outubro, afirmando que aí se passou “qualquer coisa de extraordinário”, mesmo que não garanta tratar-se de um milagre; e o depoimento de Luís António Vieira de Magalhães e Vasconcelos (documento 28), advogado em Vila Nova de Ourém, que testemunha a sua prudência inicial e a posterior convicção de que se estava “em face de um milagre”.
OC