19 religiosos e religiosas foram assassinados entre 1991 e 2002, incluindo os monges trapistas na origem do filme «Dos homens e dos deuses»
Cidade do Vaticano, 05 dez 2018 (Ecclesia) – O Papa prestou homenagem aos 19 mártires da Argélia que vão ser beatificados neste país, no sábado, denunciando as “perseguições” de que os cristãos continuam a ser alvo no mundo.
A mensagem pontifícia foi publicada hoje, sendo dirigida ao prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Giovanni Angelo Becciu, enviado especial de Francisco que vai presidir à cerimónia de beatificação, no Santuário de Nossa Senhora de Santa Cruz, em Orã.
“Esses beatos perdoaram aos seus assassinos, mostrando amar mais a vida eterna”, sublinha o Papa.
Entre os novos mártires da Igreja Católica estão o antigo bispo da cidade argelina de Orã, D. Pierre Claverie, e 18 religiosos e religiosas assassinados durante a guerra civil, entre 1991 e 2002, incluindo sete monges trapistas de Tibhirine, mortos em 1996.
“As perseguições não são uma realidade do passado, porque hoje também as sofremos quer de forma cruenta, como tantos mártires contemporâneos, quer duma maneira mais sutil, através de calúnias e falsidades”, escreve o Papa na carta em latim.
Francisco sublinha que a Igreja Católica “sempre teve uma devoção particular pelos mártires que testemunharam a fé e o amor pelo Senhor Jesus até ao derramamento de sangue”.
A carta transmite a “saudação fraterna” do Papa “aos seguidores de outras religiões e a todas as pessoas de boa vontade” na Argélia.
A história dos monges da Ordem Cisterciense da Estrita Observância – Christian de Chergé, Luc Docher, Christophe Lebreton, Michel Fleury, Bruno Lemarchand, Celestin Ringeard e Paul Favre-Miville – raptados e assassinados em Tibhirine, deu origem ao filme ‘Dos homens e dos deuses’, do realizador francês Xavier Beauvois.
Entre os futuros beatos estão ainda duas agostinianas espanholas, as irmãs Caridade Álvarez e Esther Paniagua, assassinadas durante as revoltas de 1994.
A beatificação representa, na Igreja Católica, a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto diocesano e pode ser dado aos fiéis como intercessor; a canonização, reconhecimento de santidade, abre ao culto universal.
OC