Padre Amaro Gonçalo explica dinâmica da Diocese do Porto para uma melhor preparação do nascimento de Jesus
Lisboa, 02 dez 2018 (Ecclesia) – O Natal precisa de ser contado às gerações mais novas que não olham com o mesmo significado para o presépio, defende o padre Amaro Gonçalo, da Diocese do Porto.
“Para as crianças não é óbvio quem está no presépio. Uma criança perceber, hoje, que um presépio celebra e convoca para a incarnação, é algo que muitos já desconhecem por inteiro. Precisamos de fazer o símbolo falar a partir da sua significação original, caso contrário corremos o risco de que os próprios sinais não passem de exteriores”, afirma o sacerdote da paróquia da Senhora da Hora, em Matosinhos, que esteve envolvido na proposta da Advento proposta às comunidades católicas da Diocese do Porto.
A Igreja Católica determina que até à celebração do Natal, a 24 de dezembro, os católicos possam viver um caminho de preparação, denominado de Advento, para “libertar o Natal do risco da banalidade”.
“Celebra-se o Natal, mas celebram-se diferentes Natais. O Natal chega em novembro, no dia 5 de novembro já havia um presépio no Norteshopping”, conta o padre Amaro Gonçalo.
O membro do Conselho Pastoral Diocesano do Porto sublinha que a troca de presentes é uma “forma de encontro, e muito bela”, mas, indica, “seria bom perceber” que o encontro é provocado por alguém que quer ir ao “encontro de cada um”.
Se percebermos que o Natal é a festa do encontro, mesmo que esse encontro depois se traduza não apenas na missa do galo mas também na ceia, em família, nas visitas aos pobres, nas visitas aos doentes, aos sós, se percebermos que a força motriz, esta revolução da ternura que o Natal inspira foi iniciada com o presépio, então estamos a dar uma significação cristã a um símbolo que se tornou comercial e corre o risco de cair no banal”.
O sacerdote da paróquia da Senhora da Hora, em Matosinhos, deixa a sugestão de envolver diversas instituições na elaboração do presépio porque acredita que os encontros rotineiros podem ser desencadeadores de momentos de missão.
“É nos lugares da nossa vida e da nossa cidade que encontramos pessoas que precisam deste anúncio, desta proposta e de descobrir a presença de Deus que já está neles. A missão hoje é também intergentes, não é só ad gentes, ou seja, em diálogo com os valores culturais, com os sinais e sementes da presença de Deus que estão ocultas, quase impercetíveis que nos cabe ajudar a descobrir”, observa.
O sacerdote deixa o alerta para que o Natal possa acontecer: “Abeirar do presépio, deixarmo-nos acariciar e comover, deixarmo-nos encontrar por aquele que vem ao nosso encontro, e aí brota uma alegria diferente”.
“No afã de queremos ser nós a fazer o Natal, perdemos a alegria: a obsessão das compras, a preocupação das deslocações, não saber como acomodar as pessoas, como contentar as pessoas que recebemos, não saber como redistribuir o que podemos… isto é desgastante”, assinala.
O padre Amaro deixa a sugestão de gestos simples, para preparar o Natal durante as próximas semanas.
Que cheguem ao dia de Natal e tenham na memória um encontro com aquela pessoa, com quem tiveram um tempo mais longo, a quem deram a possibilidade de desabafar e contar histórias, contar histórias de Natais que agora não têm”.
Outro gesto simples é de parar junto ao presépio: “Construímos um presépio em casa, na rua, na igreja, e quanto tempo paramos diante dele? Fica como um pano de fundo ou é um lugar de encontro?”
A campanha de Natal da diocese do Porto, «Presépio, Lugar de encontro para todos», está disponível online.
A conversa com o padre Amaro Gonçalo esteve hoje em desataque no programa Ecclesia, emitido às 06h00 na Antena 1 da rádio pública.
OC/LS