10 de Junho: Obra Católica Portuguesa de Migrações convida a conhecer novas comunidades no território nacional, procurando rejeitar «medo do desconhecido»

Eugénia Quaresma e Francisco Peixoto avaliam presença da identidade portuguesa pelo mundo, nomeadamente em Macau, e a forma como dia pode ser ocasião de promoção do encontro com outras culturas em território nacional

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 09 jun 2025 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) convidou a aproveitar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a 10 de junho, para reforçar o diálogo e conhecer culturas de novas comunidades presentes em território nacional.

“Se calhar podíamos aproveitar este dia para pôr em prática aquela orientação pastoral da promoção do encontro, seja ela a nível cultural, gastronómico, debate de ideias, é muito, muito importante nós sabermos, conhecermos, conversarmos com quem são os nossos atuais vizinhos”, afirmou Eugénia Quaresma à Agência ECCLESIA.

A responsável dá o exemplo de organismos como as Cáritas Diocesanas e os secretariados diocesanos, que já estão despertos para esta realidade, e de paróquias que já fazem esta experiência, desafiando todos a seguir esse caminho.

“Temos que caminhar para aí, não nos fecharmos no nosso medo, no medo do desconhecido, mas, de facto, avançar nesta escuta de outras histórias, de outras culturas”, destacou.

A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações realça que os portugueses “já viajaram bastante pelo mundo todo” e que agora estão a receber migrantes: “É possível uma sã convivência se estivermos disponíveis, se estivermos de coração aberto”.

Eugénia Quaresma e Francisco Peixoto, chefe de delegação de Portugal na Universidade de São José (Macau, China) olham, no Programa ECCLESIA (RTP2) de hoje, para a presença da identidade portuguesa pelo mundo.

Falando no exemplo de Macau, o entrevistado deu conta que todas as universidade têm, de alguma forma, “alguma ligação ao mundo da lusofonia” e que todos os ciclos de educação estão presentes em Língua Portuguesa, indicando que, embora o ensino na Universidade de São José seja em inglês, a instituição tem “matriz portuguesa”.

O português é uma das línguas oficiais de Macau e permanecerá até 2049, explica Francisco Peixoto, que acrescenta que qualquer lusófono que se desloque à cidade se “sente muito confortável”, embora a maioria da população não fale o idioma.

“É uma situação que é difícil de explicar em palavras, mas que se sente verdadeiramente esse conforto, porque sentimos que estamos num sítio que tem esta sensação, este sabor português”, descreve.

O chefe de delegação de Portugal na Universidade de São José destaca a religiosidade “como elemento de inclusão social”, assinalando que existe uma enorme comunidade filipina, em Macau, “extremamente religiosa”, tal como a comunidade macaense.

“Nós vivemos isto com as peregrinações, a Nossa Senhora de Fátima, mas também com outras festas, com outras dimensões. E eu acho que é importante continuarmos a dar sinais de que é possível conviver a partir da raiz cristã. Conviver e dialogar com outros”, referiu Eugénia Quaresma.

Atualmente, Francisco Peixoto relata que o Portugal em Macau “olha essencialmente para o futuro”, evidenciando projetos e iniciativas ao nível do empreendedorismo que ligam Macau e o sudeste asiático ao país das quinas e à Europa.

“Os portugueses em Macau estão por todas as áreas sociais”, acentua.

Falando na nova diáspora de portugueses, que está “muito mais móvel”, “não está tão precisada da língua, porque já vai com a bagagem do inglês”, Eugénia Quaresma refere a dificuldade de a Igreja se aproximar nestes casos, apontando como foco a evangelização.

“Há aqui uma ponte a ser feita, estamos na era em que chegamos à conclusão que temos que trabalhar em rede, temos que operar com vista à comunhão e, portanto, é a hora de cruzar com outros setores da pastoral e ver como atuar, nomeadamente a pastoral juvenil, a catequese e a educação cristã, o mundo do trabalho e portanto somos chamados a trabalhar cada vez mais em rede para podermos responder a esta nova diáspora”, assume.

HM/LJ/OC

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