«Construção da verdade» foi tema em debate na ilha do Pico
Lajes do Pico, Açores, 27 out 2017 (Ecclesia) – O padre Júlio Rocha, reitor do Seminário Episcopal de Angra (Açores), alertou hoje para a “tribalização” das sociedades, que cria países em que “metade das pessoas não sabe nada sobre as outras pessoas”.
“Todas as ditaduras começam e acabam na distorção da verdade”, referiu o sacerdote, na conclusão das III Jornadas Diocesanas de Comunicação Social.
D. João Lavrador, bispo de Angra, inaugurou as jornadas diocesanas, dedicadas ao tema da “construção da verdade” no mundo global, defendendo uma cultura “verdadeiramente humana”.
No encerramento da iniciativa, o prelado sublinhou que os seres humanos são “capazes da verdade”, saudando a reflexão feita ao longo do dia, sobre esta questão.
“Seria impossível termos uma sociedade democrática sem a pluralidade os meios de comunicação social”, observou.
Os trabalhos reuniram jornalistas e académicos, tendo a conferência inicial sido proferida por Rolando Lalanda Gonçalves, sociólogo e investigador na área dos media, professor da Universidade dos Açores, que falou da “espiral do silêncio” que permite que as ‘fake news’ vinguem.
Ricardo Freitas, da Agência Lusa, alertou para as consequências da “pressa” e das “pressões” sobre o trabalho dos jornalistas, e Milton Dias, da Antena 1-Açores, alertou para as “ameaças” que a profissão enfrenta.
As jornadas deixaram apelos à distinção entre Comunicação Social e redes sociais, vincando a identidade própria de cada um.
Do programa constavam mesas-redondas onde marcam presença jornalistas de meios de informação generalista e da Igreja Católica, como o chefe de redação da Agência Ecclesia, Octávio Carmo, e o diretor de Comunicação do Patriarcado de Lisboa, padre Nuno do Rosário Fernandes.
Octávio Carmo defendeu que é fundamental que o jornalismo recupere a sua missão de mediação num momento em que se confunde o maior acesso aos factos com informação.
“O mundo tem vindo a perder mediadores e, apesar das novas tecnologias, o papel deste mediador ainda não tem substituto” disse, defendendo uma desconstrução da “bolha noticiosa” em que muitos pessoas se autoencerram.
Já o padre Nuno Rosário Fernandes convidou os responsáveis católicos a serem mais ativos na rejeição de notícias que “são fabricadas”, sem uma leitura rigorosa da realidade.
As III Jornadas Diocesanas de Comunicação Social de Angra foram organizadas pelo Serviço da Pastoral das Comunicações Sociais da Igreja com a Ouvidoria do Pico e o jornal centenário ‘O Dever’, da Paróquia das Lajes.
OC