Eutanásia: «Não é uma questão de natureza religiosa mas de humanidade» – Bispo de Aveiro

D. António Moiteiro pediu «vida como a fonte primeira do bem comum», na celebração de Santa Joana Princesa

Foto: Diocese de Aveiro

Aveiro, 14 mai 2018 (Ecclesia) – O bispo de Aveiro afirmou que discussão sobre a legalização da eutanásia “é uma questão de humanidade” e referiu-se à vida “como dom e doação”,  na celebração de Santa Joana Princesa, padroeira da diocese e da cidade

“Hoje pedimos a Santa Joana Princesa que todos aqueles que têm o Evangelho como fonte de inspiração para o seu agir em sociedade, incluindo os nossos deputados e os que se preocupam com a causa pública, não se esqueçam de colocar a vida como a fonte primeira do bem comum”, disse D. António Moiteiro, na Eucaristia festiva.

Na homilia intitulada ‘a surpresa de ser amados e poder amar’, o prelado explicou que a discussão sobre a legalização da eutanásia, atualmente presente na sociedade portuguesa, “não é uma questão de natureza religiosa, mas sim de humanidade”.

“É matéria que diz respeito ao nosso modo de nos entendermos como seres sociais, interdependentes, solidários ou, simplesmente, como meros indivíduos, indiferentes aos demais”, observou.

Para D. António Moiteiro a legalização da Eutanásia diz respeito à escolha de uma ideia de sociedade em que cada um “não se pensa como alguém em relação com os demais” mas fechado.

“A cultura do cuidado não pode desistir, perante tal visão”, realçou.

O bispo diocesano referiu-se à vida “como dom e doação” a partir do exemplo da padroeira da Diocese de Aveiro e da cidade e explicou que para os cristãos, “para quem a vida é dom”, no sofrimento “só faz sentido a doação”.

“Desistir, dando a morte, é a recusa de que dos outros poderemos esperar o amor. Uma sociedade que deixe de amar não pode continuar a crescer em humanidade e atenção aos outros, sobretudo aos que mais sofrem”, desenvolveu D. António Moiteiro.

A princesa da Casa de Avis, Joana (1452-1490), filha do rei D. Afonso V e da rainha D. Isabel, deixou Lisboa e a Corte aos 23 anos para se dedicar a uma vida religiosa de clausura no Mosteiro de Jesus das dominicanas.

D. António Moiteiro explicou que todos são “chamados a ser santos” e a santidade é “andar na presença de outro”.

“Ao longo da nossa vida a santidade vai-se fazendo com uma familiaridade e intimidade com Deus que nos abre aos outros”, acrescentando que na viagem da vida “há oportunidades, há obstáculos, há momentos tristes e alegres”.

Segundo o prelado refletir sobre a caridade “é entrar no coração da vida cristã” e, neste âmbito, realçou que a celebração acontece num ano em que a Diocese de Aveiro “procurou refletir e levar à prática” a ligação profunda que existe entre Eucaristia e caridade”.

“O exercício da caridade é constitutivo do ser e da missão da Igreja”, acrescentou na homilia deste sábado, publicada hoje no sítio na internet da diocese.

A Diocese de Aveiro mandou fazer também um ícone, uma imagem, nova de Santa Joana onde, segundo D. António Moiteiro, relacionam a princesa portuguesa com a caridade.

CB

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Agência ECCLESIA

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