Voluntariado: Trabalho no terreno tem de capacitar comunidades, sem criar «assistencialismo» – Mariana Baptista

Jovem voluntária passou último ano em São Tomé e Príncipe, através dos Leigos para o Desenvolvimento

Foto: RR/Miguel Rato

Lisboa, 05 dez 2021 (Ecclesia) – Mariana Baptista, que passou o último ano a fazer voluntariado em São Tomé e Príncipe, através dos Leigos para o Desenvolvimento, disse à Agência ECCLESIA e Renascença que o trabalho no terreno tem de capacitar as comunidades, sem criar “assistencialismo”.

“as comunidades sentem que só são capazes se tiverem ajuda de fora, e o que Leigos para o Desenvolvimento procuram é mostrar o contrário, é que a própria comunidade é capaz”, indica a convidada da entrevista semanal conjunta desta semana, publicada e emitida a cada domingo.

No Dia Internacional do Voluntário, a jovem portuguesa, com formação em psicologia organizacional, conta que a experiência lhe mudou a forma de ver e estar na vida, considerando que o mais importante é ajudar as comunidades locais a serem protagonistas da mudança.

“Um dos grandes entraves para o desenvolvimento é o assistencialismo e nós irmos impor a nossa realidade, e aquilo que eu encontrei na proposta dos Leigos para o Desenvolvimento – e por isso é que também me identifiquei – é que nós somos quase como um espelho, no sentido em que vamos ajudar a comunidade a ver aquilo que tem de rico, de valioso, de belo, e aprender a aproveitá-lo, olhar para as suas feridas e aprender a cuidar delas”, indica.

A voluntária fala dos projetos em que esteve envolvida e destaca como principal riqueza da experiência o contacto com as pessoas.

“Foi muito intenso, foi um grande privilégio, um tempo de conversão, de aprender também a viver uma vida mais simples”, refere.

Regressada a Portugal há menos de dois meses, Mariana Baptista admite que ainda está a “processar” tudo o que viveu no último ano.

“É um presente que vou desembrulhando ao longo da vida”, indica.

Conheci pessoas extraordinárias, com histórias extraordinárias, acho que foi um tempo de grande conversão, de aprender a ser mais simples, a ligar-me ao essencial, de aprender a levar uma vida ‘mais leve, leve’, como se diz em São Tomé”.

A voluntária assume a responsabilidade de dedicar tempo “diante de um mundo que precisa de ser cuidado”, destacando a dimensão missionário da sua experiência com os Leigos para o Desenvolvimentos, ONGD católica ligada aos Jesuítas.

“Sabemo-nos enviadas por alguém e queremos dar testemunho da alegria e da esperança cristã, de um amor que nos acolhe sempre, mas que nos sonha sempre melhor”, explica.

A entrevista deixa uma mensagem a quem gostaria de ser voluntário, para que dê esse passo.

“Se não nos dispomos a ser sensíveis ao outro, a sair de nós, a dar de graça aquilo que recebemos de graça, o mundo fica muito mais pobre e ficamos mais isolados uns dos outros”, afirma Mariana Baptista.

Ângela Roque (Renascença), Octávio Carmo (Ecclesia)

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