Vocações: Desafio atual «está mais nas estruturas de acompanhamento e promoção do que propriamente numa crise de fé» – padre José Alfredo

Igreja Católica em Portugal vive Semana Nacional de Oração pelas Vocações

Lisboa, 16 abr 2018 (Ecclesia) – O secretário da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, da Igreja Católica em Portugal, disse hoje que mais do que falar em crise de vocações é urgente desenvolver propostas que toquem o coração dos jovens e da sociedade.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, no início da 55.ª Semana de Oração pelas Vocações (16 a 22 de abril), o padre José Alfredo salientou que atualmente “a crise está mais nas estruturas de acompanhamento e de promoção vocacional do que propriamente numa crise de fé ou de sentido da vocação, do chamamento de Deus”.

“Deus continua a chamar permanentemente, mas depois é preciso haver espaços onde se compreende essa mensagem, onde as pessoas também sintam alguma retaguarda para poderem decidir, para poderem dar os primeiros passos”, apontou aquele responsável.

A 55.ª Semana de Oração pelas Vocações, este ano preparada pela Diocese de Bragança-Miranda, tem desta vez como tema ‘Escutar, discernir, viver a chamada do Senhor’.

O principal objetivo é reforçar a necessidade que a Igreja Católica continua a ter, na realidade de hoje, de “novos pastores, de novos consagrados, de novos missionários”.

E convidar como habitualmente as comunidades cristãs, em todas as dioceses, a promoverem momentos de oração e de sensibilização das paróquias, das famílias, para esta questão, com recurso a vários materiais que estão a ser disponibilizados.

O padre José Alfredo teve recentemente oportunidade de participar num encontro de bispos europeus – do Conselho das Conferências Episcopais da Europa – dedicado às vocações, em Tirana, na Albânia.

Nessa iniciativa ficou claro, por exemplo “junto de jovens que participam em iniciativas nacionais ou internacionais como as jornadas mundiais da juventude”, que os mais novos apesar de todas as “transformações” verificadas na Europa, continuam a escutar o chamamento de Deus, continuam a questionar-se acerca da sua missão no mundo.

“O testemunho de muitos delegados europeus” indicou mesmo “que o trabalho das vocações, sendo feito com persistência” e adaptado à “realidade das pessoas”, pode dar “frutos muito interessantes”, se existir o “acompanhamento” adequado.

Para o sacerdote português, que apoia há cerca de um ano o trabalho da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, presidida por D. António Augusto Azevedo, a primeira preocupação da Igreja Católica em Portugal neste setor pastoral deve ser a “revitalização” ou “constituição de boas equipas de trabalho” em cada diocese.

“As outras coisas existem, temos materiais, temos atividades, mas sabemos que isso por si só não chama ninguém. Depois é preciso levar esta mensagem de forma humana e com rosto”, frisou o padre José Alfredo.

Além da aposta em grupos “alargados” de trabalho, com “bispos, padres, religiosos e leigos”, importa depois desenvolver projetos consistentes, que não esmoreçam com o tempo.

“Muitas vezes atribui-se uma missão a determinada pessoa, nomeia-se uma pessoa, mas depois ela não tem condições efetivas nem materiais ou humanas para desenvolver esse trabalho. Não adianta ser secretário da juventude, das vocações ou da catequese e depois não se conseguir dinamizar esse setor”, frisou o padre José Alfredo.

Em outubro deste ano, o Papa Francisco vai promover um Sínodo dos Bispos em Roma dedicado aos jovens e onde um dos destaques será precisamente a questão do “discernimento vocacional”.

Segundo o secretário da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, da Igreja Católica em Portugal, este será um acontecimento muito importante para a definição de uma estratégia mais eficaz, em termos de pastoral vocacional, a partir da opinião dos mais novos.

Ao mesmo tempo, será também fundamental para “delinear um novo perfil de sacerdote, religioso e missionário para a vida da Igreja”, salientou o padre José Alfredo que depois recordou o modelo de vocação que tem sido defendido por Francisco.

De “alguém que vá ao encontro das pessoas, nas situações em que estão, muito concretas e muito humanas, e não simplesmente que vista um papel de sacerdote ou religioso, alheio à vida das pessoas”, completou.

JCP

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