Viana do Castelo: «Nem todos sabem o que é o Sínodo, mas há esperança nas mudanças que são necessárias» – Ricardo Oliveira

Diocese prepara caminho de celebração da sua criação com marca da «sinodalidade» impressa

Foto Agência ECCLESIA/PR

Viana do castelo, 03 mai 2024 (Ecclesia) – Ricardo Oliveira, membro da equipa sinodal da Diocese de Viana do Castelo, olha com esperança para o processo em curso, desencadeado desde 2021 pelo Papa Francisco, mas lamenta que “nem todos entendam ainda o que é o Sínodo”.

O responsável dá conta à Agência ECCLESIA de realidades “diferentes” na diocese, com contextos urbanos e rurais que marcam de forma diversa o envolvimento no processo sinodal.

“Nas zonas rurais, onde já há paróquias quase desertificadas, é muito mais complicado, até para entenderem o que é o Sínodo. Encontrámos pessoas ativas nas comunidades que desconheciam ao certo o que é o Sínodo. Isto faz pergunta: falta informação ou comunicação?”, questiona.

Em processo de formação para o diaconado permanente e a trabalhar na paróquia de Monserrate, no centro de Viana do Castelo, Ricardo Oliveira recorda a “surpresa” quando em 2021 o Papa Francisco convocou a Igreja católica para um processo sinodal, com o tema «Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão», e quis ouvir os católicos:  “Ainda bem que somos ouvidos”, recorda o responsável.

Dos 10 arciprestados da Diocese de Viana do Castelo, estiveram envolvidos no processo cerca de 2500 pessoas, tendo sido realizadas 278 assembleias arciprestais e 25 encontros de grupos informais.

Ricardo Oliveira revela a “dificuldade de caminhar em conjunto” uma vez que a Igreja, diz, “está muito cristalizada, fechada em si”.

A diocese criou um guião, distribuído por todas as paróquias, com o objetivo de ser um “fio condutor” e evitar a “dispersão”, prosseguindo depois com uma assembleia sinodal diocesana que apresentasse conclusões.

Foram apresentadas preocupações a nível das vocações sacerdotais, também das unidades pastorais pela falta de padres, pediu-se cuidado com a celebração dos sacramentos e com a sua preparação, com a formação dos leigos, uma vez que são chamados a serem cada vez mais ativos, a linguagem acessível a todos, com a preocupação de chegar aos que não participam nas comunidades, e foram manifestadas preocupações com os jovens e os idosos”.

A Diocese de Viana do Castelo vai celebrar o aniversário da sua criação, em 2027, e elaborou um caminho a partir de 2025, com o objetivo de ajudar a “regenerar, com novas leituras” a vida diocesana onde, indica Ricardo Oliveira, a sinodalidade está incluída.

O responsável dá conta que a receção do relatório da primeira Assembleia Sinodal, decorrida em outubro de 2023, elenca “desafios” para a vida na diocese e gostaria que este documento pudesse vir a ser trabalhado em cada paróquia.

“Só a ideia de caminhar juntos já é um desafio, mas sobressai também a importância da escuta. Julgo que a escuta, numa Igreja que trabalha com o sínodo que se escuta, que quer perceber a cultura do outro e construir a cultura do outro, mostra ingredientes essenciais para uma Igreja que está em mudança e a mudar a diocese”, regista.

Ricardo Oliveira sublinha ainda o lugar dos conselhos pastorais para “desenvolver” um processo de mudança que indica ser necessário.

Nos últimos anos a Igreja tem crescido e tem mudado, a meu ver, para melhor. Claro que há dificuldades – todas as instituições atravessam – mas acredito, que as mudanças serão positivas. Olho com muita esperança para o que vem aí, que é necessário, é muito necessário. Eu tenho duas filhas e quero que elas sintam esta paixão pela Igreja”.

A conversa com Ricardo Oliveira, da equipa sinodal de Viana do Castelo, pode ser acompanhada no programa ECCLESIA, com emissão sábado às 06h00.

LS

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