Francisco recebeu participantes em congresso internacional promovido pelo Dicastério para a Cultura e a Educação
Cidade do Vaticano, 09 dez 2024 (Ecclesia) – O Papa disse hoje no Vaticano que a teologia deve ser “acessível a todos”, respondendo aos desejos de formação e à busca espiritual de muitas pessoas no mundo.
“Gostaria de vos deixar um convite: que a teologia seja acessível a todos. Nos últimos anos, em muitas partes do mundo, os adultos têm manifestado interesse em retomar a sua formação, incluindo a formação académica”, disse, numa audiência os participantes do congresso internacional sobre o futuro da teologia ‘Legado e Imaginação’, promovido pelo Dicastério para a Cultura e a Educação.
A iniciativa decorre entre hoje e amanhã, na Universidade Pontifícia Lateranense, de Roma, reunindo convidados de vários países, incluindo Teresa Bartolomei, da Universidade Católica Portuguesa.
“Homens e mulheres, sobretudo de meia-idade, talvez já licenciados, desejam aprofundar a sua fé e inscrevem-se muitas vezes numa faculdade universitária para o fazer. Trata-se de um fenómeno crescente, que merece a atenção da sociedade e da Igreja”, referiu Francisco.
Por favor, se algumas destas pessoas baterem à porta das escolas de teologia, que as encontrem de as portas abertas. Façam com que estas mulheres e estes homens encontrem na teologia uma casa aberta, um lugar onde possam retomar um caminho, onde possam procurar, encontrar e procurar novamente”.
O Papa defendeu que a teologia proponha “coisas novas” nos currículos, refletindo se “o património teológico do passado pode ainda dizer algo aos desafios de hoje”.
“Toda a teologia nasce da amizade com Cristo e do amor pelos seus irmãos e irmãs, pelo seu mundo”, acrescentou.
Francisco sublinhou a necessidade de dar voz ao contributo das mulheres, admitindo que “ainda há um longo caminho a percorrer neste domínio”.
A intervenção, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, assumiu o “desejo” de que a teologia ajude a “repensar o pensamento”.
“A primeira coisa a fazer para repensar o pensamento é curar a simplificação. De facto, a realidade é complexa, os desafios são variados, a história é habitada pela beleza e, ao mesmo tempo, ferida pelo mal”, precisou.
Segundo o Papa, a ideologia é “uma simplificação que mata”.
“Mata a realidade, o pensamento e a comunidade. As ideologias achatam tudo numa única ideia, que depois repetem obsessiva e instrumentalmente, de forma superficial, como papagaios”, sustentou.
Em nota enviada à Agência ECCLESIA, o Dicastério para a Cultura e Educação, liderado pelo cardeal português D. José Tolentino Mendonça, indica que este congresso se apresenta como “um momento histórico, uma vez que, pela primeira vez, toda a geografia da teologia católica está representada com um número tão significativo de participantes”.
“Outra novidade é a utilização do método da ‘conversação no Espírito’, de modo a que todos os participantes sejam sujeitos ativos e protagonistas do processo e dos resultados”, acrescenta a nota.
OC