Vaticano: Papa disse aos Capuchinhos que o seu «estilo aberto» testemunha que o «mais importante na vida é a caridade»

«Vocês representam um sinal para toda a comunidade cristã, chamada a ser missionária e ‘em saída’ sempre e em todos os lugares» – Francisco

Foto: Vatican News

Cidade do Vaticano, 31 ago 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse aos Franciscanos Capuchinhos, que participam no 86.º Capítulo Geral desta ordem religiosa, que essa reunião é uma oportunidade “para se questionarem sobre o que o Senhor está pedindo”, na audiência, deste sábado, no Vaticano.

“Espero, que, ao mesmo tempo que agradeceis a Deus o desenvolvimento da Ordem, sobretudo nas jovens Igrejas, aproveiteis este debate para perguntar o que vos pede o Senhor, para poder continuar, hoje, a anunciar com paixão o Reino de Deus seguindo os passos do Pobrezinho”, disse o Papa, no discurso divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé.

Aos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap), 86º Capítulo Geral da Ordem, Francisco explicou que essa reunião “é um momento importante para si e para a Igreja”, destacando que é “uma oportunidade extraordinária para partilhar as ‘coisas maravilhosas’ (cf. Sl 125,3) que Deus continua a realizar” através destas “filhos de São Francisco”.

Na Sala do Consistório, na manhã deste sábado, 31 de agosto, no final da primeira semana de capítulo geral dos Capuchinhos, o Papa destacou “três dimensões da espiritualidade franciscana” – “fraternidade, disponibilidade e compromisso pela paz” – para ajudá-los no “seu discernimento e apostolado missionário”.

‘O Senhor me deu irmãos, para ir pelo mundo’, é o lema do Capítulo Geral 2024 da OFMCap, e, para o Papa, recorda a experiência de São Francisco, “sublinhando que a missão, segundo o seu carisma, nasce na fraternidade para promover a fraternidade”.

“Podemos dizer que na base há uma ‘mística da colaboração’, segundo a qual, no plano de Deus, ninguém pode considerar-se uma ilha, mas cada um relaciona-se com os outros para crescer no amor, saindo de si mesmo e fazendo da sua própria singularidade um presente para seus irmãos”, desenvolveu.

Francisco incentivou os religiosos a “reconhecerem-se, na fé, como irmãos escolhidos, reunidos e acompanhados pela caridade providencial do Pai”, e pediu que se deixem “interpelar por essa verdade, especialmente no campo da formação; porque sem formação não há futuro”.

“No centro, a fraternidade, da qual os encorajo a tornarem-se promotores em suas casas de formação, na grande família franciscana, na Igreja e em todos os âmbitos em que trabalham, mesmo à custa de renunciar, em favor dela, a projetos e realizações de outro tipo.”

A disponibilidade dos Capuchinhos, o dizerem “com humilde coragem ‘Eis-me aqui, envia-me!’, é, segundo Francisco, “um dom carismático a ser valorizado e aumentado”, como a disponibilidade destes frades deixarem-se “envolver pessoalmente pelas necessidades de seus irmãos”.

“Vocês, capuchinhos, têm a fama de estarem prontos para ir aonde ninguém quer ir, e isso é muito bom. De facto, o seu estilo aberto testemunha a todos que a coisa mais importante na vida é a caridade”, acrescentou.

“Vocês  representam um sinal para toda a comunidade cristã, chamada a ser missionária e ‘em saída’ sempre e em todos os lugares.”

O Papa refletiu também sobre o “compromisso”, e realçou a capacidade dos Frades Menores Capuchinhos em estarem “com todos, no meio do povo, a ponto de serem comumente considerados os ‘irmãos do povo’, ao longo dos séculos”.

“Fez de vocês ‘construtores da paz’, capazes de criar oportunidades de encontro, mediar a resolução de conflitos, aproximar as pessoas e promover uma cultura de reconciliação, mesmo nas situações mais difíceis; no entanto, como já dissemos, na base desse carisma há uma condição fundamental: estar, em Cristo, próximo a todos”, desenvolveu.

“Estou feliz”, disse o Papa no início do seu discurso, lembrando os Capuchinhos “de Buenos Aires: bons confessores”, em concreto de Espanha, “bascos que Franco tinha afugentado” – “ons confessores, ótimos” –, e realçou que um “ainda está vivo, é argentino”; “eu nomeei-o cardeal agora”, acrescentou Francisco, referindo-se ao cardeal Luis Pascual Dri, confessor no Santuário de Nossa Senhora de Pompeia (Buenos Aires), que foi nomeado aos 96 anos de idade, no consistório de 2023.

O 86.º Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos tem 173 capitulares, representantes dos capuchinhos no mundo, presentes em “mais de cem países”, para além de “aproximadamente 45 frades”, que estão ao serviço da reunião, em funções como traduções, liturgia, secretarias, serviços fraternos, técnicos em informática, etc.

Em Portugal, os frades Capuchinhos estão presentes em Barcelos (Arquidiocese de Braga), no Porto e Gondomar, em Fátima, em Lisboa, na Baixa da Banheira (Diocese de Setúbal), e têm uma fraternidade itinerante que, neste momento, está na Diocese de Bragança-Miranda.

CB

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