Vaticano: Papa denuncia solidão e abandono dos mais velhos

IV Dia Mundial dos Avós e Idosos vai desafiar comunidades católicas a não deixar ninguém só

Cidade do Vaticano, 14 mai 2024 (Ecclesia) – O Papa denunciou hoje a solidão e abandono dos mais velhos, na mensagem para o IV Dia Mundial dos Avós e Idosos, que a Igreja Católica vai celebrar a 28 de julho.

“A incómoda companheira da nossa vida de idosos e avós é, com frequência, a solidão. Muitas vezes me aconteceu, como bispo de Buenos Aires, ir visitar lares de terceira idade, apercebendo-me de como raramente recebiam visitas aquelas pessoas: algumas, há muitos meses, não viam os seus familiares”, refere, num texto intitulado ‘Na velhice não me abandones’, passagem do Livro dos Salmos (Sl 71, 9).

Francisco sublinha que essa solidão tem “muitas causas”, da emigração às guerras.

“A solidão e o descarte tornaram-se elementos frequentes no contexto em que estamos imersos. Têm múltiplas raízes: nalguns casos, são o resultado duma exclusão planeada, uma espécie de triste ‘conjura social’; noutros, trata-se infelizmente duma decisão própria; noutros ainda, suportam-se fingindo que se trata duma opção autónoma”, lamenta.

Aliás, há hoje muitas mulheres e homens que procuram a própria realização pessoal numa existência tão autónoma e desligada dos outros quanto possível. A recíproca pertença está em crise, acentua-se o individualismo; a passagem do ‘nós’ ao ‘eu’ constitui um dos sinais mais evidentes dos nossos tempos”.

A mensagem alerta para a “miragem do individualismo” e a “ilusão de não precisar de ninguém e de poder viver sem vínculos”.

“Não deixemos de mostrar a nossa ternura aos avós e aos idosos das nossas famílias, visitemos aqueles que estão desanimados e já não esperam que seja possível um futuro diferente”, apela o Papa.

O cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida (Santa Sé) sublinha, em nota enviada à Agência ECCLESIA, que “devido à crise da pertença comum e ao surgimento de uma mentalidade cada vez mais individualista, a solidão dos idosos muitas vezes não é sequer percebida como um problema”.

“A Igreja é chamada a construir algo diferente, a redescobrir o sabor da fraternidade e a construir laços entre as gerações”, acrescenta o colaborador do Papa.

Com a publicação da mensagem, foi também lançado um kit pastoral que vai ser enviado às conferências episcopais.

“O kit é uma ferramenta à disposição de todas as comunidades eclesiais para ajudar a viver um Dia sem solidão. Como de costume, propomos celebrar uma Missa com os idosos da comunidade e visitar aqueles que vivem mais sozinhos”, observa Gleison De Paula Souza, secretário do Dicastério.

OC

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