Vaticano: Papa critica legalização da eutanásia em Portugal

Francisco recorda Aparições de Fátima e mostra-se «triste» com promulgação de «lei para matar»

Cidade do Vaticano, 13 mai 2023 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje no Vaticano a aprovação da lei da eutanásia na Assembleia da República Portuguesa, numa intervenção em que evocava as Aparições de Fátima.

“Hoje estou muito triste, porque no país onde apareceu Nossa Senhora foi promulgada uma lei para matar. Mais um passo na grande lista de países com eutanásia”, referiu, num encontro com centenas de representantes da União Mundial das Organizações Femininas Católicas (WUCWO), no Auditório Paulo VI.

Francisco falou de improviso, em espanhol, à margem do discurso que tinha preparado.

Os deputados da Assembleia da República aprovaram esta sexta-feira o Decreto n.º 43/XV, sobre a morte medicamente assistida, depois de, em abril, o presidente da República o ter devolvido ao Parlamento.

O decreto estabelece que a eutanásia só pode acontecer se o suicídio assistido for impossível por incapacidade física do doente.

Marcelo Rebelo de Sousa descartou, esta sexta-feira, a possibilidade de invocar “objeção de consciência” para recusar promulgação da eutanásia, prometendo “aplicar a Constituição”.

“Não tenho mais nada a dizer. Se é isto que digo que vou fazer, é isto que vou fazer. Quando jurei a Constituição, jurei a Constituição toda”, disse aos jornalistas, em Estarreja.

No Vaticano, o Papa referiu-se às celebrações do 13 de maio, “dia em que se celebram as Aparições da Virgem Mãe aos Pastorinhos de Fátima”.

“Pensando na Virgem, olhemos para Maria como modelo de mulher por excelência, que vive em plenitude um dom e uma tarefa: o dom da maternidade e a tarefa de cuidar dos seus filhos, na Igreja”, apontou.

“Voltando a Fátima: no meio do silêncio e da solidão dos campos, uma mulher bondosa e cheia de luz encontra-se com umas crianças pobres e simples. Como todas as grandes coisas que Deus faz, o que carateriza a cena é a pobreza e a humildade”, referiu ainda.

Os Pastorinhos, indicou Francisco, representam “toda a humanidade”, que se revela “desconcertada e assustada perante situações que a colocam em crise.

Nesse ambiente marcado pela fragilidade, é preciso perguntar: o que faz Maria forte? O que deu força aos Pastorinhos para fazerem o que Ela lhes pedia? Qual o segredo que transformou essas pessoas frágeis e pequenas em testemunhas da alegria do Evangelho? Queridas irmãs, o segredo de todo o discipulado e da disponibilidade para a missão está em cultivar essa união, uma união desde dentro”.

Foto: Lusa/EPA

Francisco sublinhou que Maria “ensina a gerar vida e a protegê-la sempre”, relacionando-se com os outros “a partir da ternura e da compaixão”.

A intervenção destacou a “urgente necessidade de encontrar a paz no mundo” e falou dos riscos de “instrumentalização” da “identidade antropológica da mulher”.

A 2 de maio, a Santa Sé apresentou a exposição fotográfica ‘O grito das mulheres’, composta por 26 fotografias que, até 29 de maio, vai estar patente na colunata esquerda da Praça de São Pedro, no Vaticano.

Francisco lamentou o tratamento desumano das meninas “nalguns procedimentos”, numa referência indireta à mutilação genital feminina.

OC

Notícia atualizada às 12h32

Cultura: Vaticano acolhe exposição «O grito das mulheres», um «abraço» da Igreja através da arte (c/vídeo)

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