Vaticano: Papa condena guerra «louca» na Ucrânia e «lógica infantil» das armas

Francisco recorda viagem ao Barém, sublinhando importância do diálogo entre católicos e muçulmanos, em favor da paz

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 09 nov 2022 (Ecclesia) – O Papa reforçou hoje a sua condenação da “louca” guerra na Ucrânia, defendendo a via do “diálogo” para superar os conflitos que atingem a humanidade.

“Penso na louca guerra, louca, de que é vítima a martirizada Ucrânia, e em tantos outros conflitos, que não se resolvem nunca através da lógica infantil das armas, mas só com a força mansa do diálogo”, declarou, na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.

Perante milhares de pessoas reunidas no Vaticano, Francisco sublinhou que, além da terra “martirizada da Ucrânia”, a guerra atinge há anos a Síria, as crianças do Iémen ou o Myanmar, entre outros.

“Está por todo o lado, agora a mais próxima é a Ucrânia, mas o que faz a guerra? Destrói. As guerras destroem a humanidade, destroem tudo. Os conflitos não se resolvem com a guerra”, acrescentou.

Já no final da audiência, o Papa apelou à oração pela população da Ucrânia.

“Peçamos ao Senhor pela paz para esta gente tão atribulada e que sofre com tanta crueldade, tanta crueldade por parte dos mercenários que fazem a guerra”, pediu.

A reflexão abordou a recente que Francisco fez ao Reino do Barém, entre 3 e 6 de novembro, a primeira de um pontífice católico a este reino da Península Arábica, resumida em três palavras: “diálogo, encontro, caminho”.

Após passar em revista os vários encontros dos quatro dias da viagem, com responsáveis islâmicos, comunidades cristãs, imigrantes e líderes políticos, o Papa sublinhou a importância do “conhecimento dos outros” e da consciência da própria identidade, para o diálogo.

A viagem ao Barém não deve ser vista como um episódio isolado, faz parte de um percurso inaugurado por São João Paulo II, quando foi a Marrocos [1985, ndr]. Deste modo, a primeira visita de um Papa ao Barém representou um novo passo no caminho entre crentes cristãos e muçulmanos: não para nos confundirmos nem para diluir a fé, mas para construir alianças fraternas em nome do Pai Abraão”.

No início da audiência, duas crianças subiram a escadaria, na Praça de São Pedro, até junto da cadeira da presidência, sentando-se junto do Papa.

“Estas duas crianças vieram até aqui, sem medo, sem pedir licença. É assim que nos devemos aproximar do Senhor, com liberdade”, disse Francisco.

Foto: Vatican Media

Nas saudações aos presentes, o Papa dirigiu-se em particular aos peregrinos de língua portuguesa, recordando que esta quinta-feira começa em Recife, no Brasil, o 18.º Congresso Eucarístico do país.

“Faço votos de que este encontro com Jesus Eucarístico reforce nos fiéis o desejo de prosseguir no caminho do diálogo fraterno com todos. Que Deus vos abençoe e vos proteja de todo mal”, declarou.

Francisco quis deixar uma mensagem ao povo cipriota, em luto pela morte de Crisóstomo II, arcebispo da Igreja Ortodoxa, que evocou como um “homem de diálogo e amante da paz, que procurou promover a reconciliação entre as várias comunidades do país”.

OC

 

Foto: Vatican Media

Francisco recordou a beatificação, no último sábado, da irmã Maria Carola Cecchin, religiosa da Congregação das Irmãs de São José Benedito Cottolengo, que foi missionária no Quénia durante duas décadas.

A nova beata faleceu em 1925, aos 48 anos de idade.

“Que o seu exemplo de mulher boa e sábia sustente todos aqueles que trabalham para difundir o Reino de Deus. Um aplauso”, pediu o Papa.

 

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