Vaticano: Papa assume dificuldade na mediação do conflito na Ucrânia, mas destaca empenho em missões humanitárias (c/vídeo)

Em entrevista à «Telemundo», Francisco aborda crise dos abusos sexuais e descarta mudanças na disciplina do celibato sacerdotal

 

Cidade do Vaticano, 26 mai 2023 (Ecclesia) – O Papa disse esta quinta-feira, em entrevista ao canal norte-americano ‘Telemundo’, que a paz entre a Rússia e a Ucrânia só vai acontecer “no dia em que puderem conversar”, através dos seus líderes ou de “outros”.

Francisco, que a 13 de maio recebeu no Vaticano o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu que Kiev “não sonha tanto com mediações” da Santa Sé, mas aposta no papel da Igreja Católica em missões humanitárias, como a troca de prisioneiros ou o regresso de menores ao país.

“Ele (Zelensky) pediu-me um favor muito grande, para tentar cuidar das crianças que foram levadas para a Rússia (…). Ficou muito magoado e pediu colaboração para tentar levar os meninos de volta para a Ucrânia”, explicou.

A 20 de maio, a Santa Sé anunciou a nomeação de um cardeal como enviado do Papa à Ucrânia, em missão de paz.

“Posso confirmar que o Papa Francisco confiou ao cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, a tarefa de conduzir uma missão, em acordo com a Secretaria de Estado do Vaticano, que contribua para aliviar as tensões no conflito da Ucrânia”, referia uma nota enviada aos jornalistas por Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

O Ministério da Defesa da Rússia indicou hoje que avalia “positivamente” a iniciativa do Papa.

O vice-presidente do Conselho de Segurança Nacional da Rússia, Dmitry Medvedev, assinalou, por sua vez, que “todos os planos de paz propostos devem ser levados em consideração”.

Questionado sobre os seus 10 anos de pontificado, Francisco assumiu como prioridade a “crescente inclusão dos leigos” na tomada de decisões e a “desclericalização” da Igreja.

O Papa mostrou-se crítico de propostas sobre o fim do celibato sacerdotal, rejeitando qualquer ligação desta disciplina eclesial com os abusos sexuais de menores.

“32% dos abusos, noutros países 36%, acontecem na família – tio, avô, e todos casados – ou com os vizinhos. Depois, em locais desportivos, depois, em escolas… são as estatísticas, são essas. Então, não tem nada a ver porque os tios são casados, os avós são casados e às vezes eles são os primeiros abusadores”, declarou.

Francisco reiterou a sua oposição foi ao aborto, considerando que desde a conceção existe “um ser vivo”.

Relativamente ao seu estado de saúde, o Papa, que foi internado a 29 de março, por causa de uma infeção respiratória, disse que se encontra “muito melhor” e que já consegue caminhar com mais facilidade, apesar dos problemas que o afetam num joelho.

O porta-voz do Vaticano informou, esta manhã, que o Papa cancelou as suas audiências desta sexta-feira devido a um “estado febril”, permanecendo em repouso.

OC

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