Vaticano: Papa apela a compromisso político dos cristãos

Francisco reflete sobre expressão «a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus»

Foto: Ricardo Perna

Cidade do Vaticano, 22 out 2023 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje, no Vaticano, ao compromisso político dos católicos, numa reflexão sobre a frase em que Jesus convida a dar “a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.

“A César – isto é, à política, às instituições civis, aos processos sociais e económicos – pertence o cuidado com a ordem terrena; e nós, que estamos imersos nesta realidade, devemos restituir à sociedade o que ela nos oferece, através do nosso contributo como cidadãos responsáveis, prestando atenção àquilo que nos é confiado, promovendo o direito e a justiça no mundo do trabalho, pagando honestamente os impostos, comprometendo-nos com o bem comum e assim por diante”, indicou, antes da recitação da oração do ângelus.

Francisco alertou para interpretações “erradas” desta passagem do Evangelho de São Mateus, “como se a fé não tivesse nada a ver com a vida concreta, com os desafios da sociedade, com a justiça social, com a política e assim por diante”.

Falando desde a janela do apartamento pontifício, perante 30 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa abordou as relações entre Igreja e Estado, entre cristãos e política, rejeitando a separação entre “a realidade terrena e a espiritual.

“Às vezes, também nós pensamos assim: uma coisa é a fé com as suas práticas e outra coisa é a vida de todos os dias”, advertiu.

Jesus afirma a realidade fundamental: que a Deus pertence o homem, todo o homem e todo ser humano. Isso significa que nós não pertencemos a nenhuma realidade terrena, a nenhum ‘César’ deste mundo. Somos do Senhor e não devemos ser escravos de nenhum poder mundano”.

Francisco realçou que, na vida de cada cristão, está “impressa a imagem de Deus”, citando um artigo do falecido Papa Bento XVI, de 2012: “Os cristãos dão a César só o que é de César, mas não o que pertence a Deus”.

“Lembramo-nos que pertencemos ao Senhor ou deixamo-nos plasmar pelas lógicas do mundo, fazendo do trabalho, da política e do dinheiro os nossos ídolos a adorar?”, questionou.

Após a oração, o Papa recordou a celebração do Dia Mundial das Missões, neste domingo, com o tema ‘Corações ardentes, pés ao caminho’, inspirado numa passagem do Evangelho de São Lucas (cf. Lc 24, 13-15) que relata o encontro de Jesus, após a ressurreição, com os discípulos de Emaús.

“São duas imagens que dizem tudo. Exorto todos, nas dioceses e nas paróquias, a participar ativamente”, concluiu.

OC

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