Vaticano: «No Sínodo não há lugar para ideologia, é outra dinâmica» – Papa Francisco

No regresso da viagem apostólica à Mongólia, afirmou que vai ser uma assembleia «abertíssimo» aos jornalistas, apontando para a comissão que «vai dar notícias todos os dias»

Cidade do Vaticano, 04 set 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco alertou hoje para as “ideologias”, no contexto do próximo Sínodo dos Bispos, sobre ‘sinodalidade’, numa resposta sobre “pressões ideológicas” nessa reunião, no voo de regresso da Mongólia, a sua 43ª viagem apostólica.

“No Sínodo não há lugar para ideologia, é outra dinâmica. O Sínodo é diálogo, entre os batizados, entre os membros da Igreja, sobre a vida da Igreja, sobre o diálogo com o mundo, sobre os problemas que afetam a humanidade hoje. Mas quando se pensa em seguir um caminho ideológico, o Sínodo termina. No Sínodo não há lugar para ideologia, há espaço para o diálogo, para confrontar uns aos outros, entre irmãos e irmãs, e confrontar a doutrina da Igreja”, disse o Papa, informa o portal ‘Vatican News’.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 29 de outubro de 2023; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024; os trabalhos alteram entre sessões plenárias (congregações gerais) e trabalhos em grupo linguísticos (círculos menores), decorrendo, pela primeira vez, no Auditório Paulo VI, do Vaticano.

O Papa, no voo de regresso a Roma da viagem apostólica à Mongólia, sublinhou que a sinodalidade não é uma invenção sua, mas “de São Paulo VI, quando o Concílio Vaticano II terminou, percebeu que no Ocidente a Igreja havia perdido a dimensão sinodal”, e criou a Secretaria do Sínodo dos Bispos, que nestes 60 anos tem promovido “a reflexão de maneira sinodal, com progressos contínuos”.

Segundo Francisco, viver a sinodalidade “é vivê-la como um cristão”, “sem cair em ideologias”, destacando que devem “preservar a atmosfera sinodal”, sobre o processo da assembleia, porque “não é um programa de televisão” onde falam “sobre tudo”.

“É um momento religioso, é um momento de intercâmbio religioso. Pense que as introduções sinodais de três a quatro minutos cada, serão três discursos e depois três a quatro minutos de silêncio para oração. Depois, mais três, e oração. Sem esse espírito de oração não há sinodalidade, é política, é parlamentarismo. O Sínodo não é um parlamento”, acrescentou.

O Papa assinalou ainda sobre o sigilo que existe um departamento chefiado pelo prefeito do Dicastério para a Comunicação (Santa Sé), Paolo Ruffini, que vai fazer “os comunicados”, relatórios, “sobre o andamento do Sínodo”, que “vai dar notícias todos os dias”, por isso, “mais aberto” não sabe como poderá ser.

“É bom que essa comissão seja muito respeitosa com as contribuições de cada um e tentará não fazer mexerico; tem uma tarefa que não fácil, dizer: hoje a reflexão vai por este lado, e transmitir o espírito eclesial, não político. Um parlamento é diferente de um Sínodo, não se esqueçam que o protagonista do Sínodo é o Espírito Santo”, realçou.

Sobre oposições à assembleia sinodal, nomeadamente um livro com o prólogo do cardeal Burke, Francisco revelou que há meses telefonou para um Carmelo não italiano e a madre superiora contou que as monjas estavam com “medo do sínodo”, que mudasse “a doutrina”.

“Sempre, quando na Igreja se quer romper o caminho de comunhão, aquilo que rompe é a ideologia. E acusam a Igreja disto ou daquilo, mas jamais a acusam daquilo que é verdadeiro: pecadora. Defendem uma doutrina entre aspas, que é uma doutrina como a água destilada, não tem sabor a nada e não é a verdadeira doutrina católica, que está no Credo e que muitas vezes causa escândalo; assim como escandaliza a ideia de que Deus se fez carne, de que Deus se fez Homem, de que Nossa Senhora manteve a sua virgindade. Isso escandaliza”, acrescentou o Papa, no voo de regresso da Mongólia, a sua 43ª viagem apostólica, informa o portal ‘Vatican News’.

A 43ª viagem apostólica levou o Papa Francisco à Mongólia entre os dias 31 de agosto e 4 de setembro.

CB

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