Vaticano: Francisco é revolucionário que foge da solução mais fácil

Austen Ivereigh, escritor e jornalista, está em Portugal para apresentar biografia do Papa argentino

Lisboa, 08 jun 2015 (Ecclesia) – O escritor e jornalista Austen Ivereigh, autor da obra ‘Francisco, o Grande Reformador: Os Caminhos de um Papa Radical’, disse à Agência ECCLESIA que a transformação em curso na Igreja vai marcar as próximas gerações.

“Muitas das suas reformas sobre colegialidade, sinodalidade, relacionam-se com a introdução de uma dinâmica na Igreja que está ausente há muito tempo”, referiu o especialista, doutorado em Catolicismo e Política argentinas pela Universidade de Oxford.

Para este especialista, há uma “mudança de cultura” no seio da Igreja que é irreversível, tornando-a mais concentrada “na missão, nas periferias, na misericórdia de Deus”.

Segundo o jornalista, o Papa tem um “profundo sentido” do que quer comunicar às pessoas, num “estilo imediato, humano”.

Neste sentido, Austen Ivereigh elogia a capacidade que Francisco tem de viver “em tensão”, promovendo uma “dinâmica fértil”, a partir de opiniões divergentes, para gerar “respostas férteis” em vez de procurar a “saída mais fácil”.

“Ele tem uma compreensão profunda de como é que as mudanças se produzem na Igreja”, acrescenta, sem questionar os seus “ensinamentos”.

Com prefácio da vaticanista Aura Miguel, ‘Francisco, O Grande Reformador’ apresenta a história de Jorge Mario Bergoglio desde as suas origens familiares à eleição como Papa, passando pelo seu percurso como jesuíta e as responsabilidades na Igreja Católica na Argentina.

Austen Ivereigh sublinha a importância de conhecer este percurso, as circunstâncias e “paradoxos” da história da Argentina, em particular os eventos ocorridos durante o ‘Peronismo’, que deram origem a “mitos” que os factos desmentem.

“Ele é produto de uma era, de todo um setor da população argentina que resultou de uma imigração maciça”, recorda, gerando um “espírito do novo mundo” que acompanha Francisco.

Para o escritor, é curioso que alguém “relativamente desconhecido” e que “voa por baixo do radar” surja como “um líder, um reformador”.

“Ele nunca procurou o poder”, sublinha.

O autor fala do livro, que já entregou ao Papa, como uma “experiência de vida” que o levou de volta à Argentina e à leitura de todos os textos do jesuíta Jorge Maria Bergoglio.

“A quantidade e o rigor de entrevistas realizadas, de documentos analisados e de investigações levadas a cabo, fora e dentro da Argentina, fazem deste livro uma obra indispensável para saber quem é e o que pensa o primeiro Papa latino-americano da História”, escreve Aura Miguel no prefácio da obra.

Austen Ivereigh está em Portugal e vai marcar presença na Feira do Livro de Lisboa, esta quarta-feira, pelas 15h00.

OC

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