Francisco pediu mais mulheres na Comissão Teológica Internacional
Cidade do Vaticano, 25 nov 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse à Comissão Teológica Internacional (CTI) que era importante aumentar o número de mulheres nesta instituição porque “fazem da Teologia algo mais profundo e ‘saboroso’”, não por “moda”.
“Acredito que talvez seria importante aumentar o número de mulheres, não porque estejam na moda, mas também porque pensam diferente dos homens e fazem da Teologia algo mais profundo e saboroso também”, explicou o Papa, no final do seu discurso a um grupo de 30 pessoas da Comissão Teológica Internacional, na Sala do Consistório, no Vaticano.
A CTI tem teólogos de diversas escolas e nações, nomeados pelo Papa após proposta do prefeito do Dicastérios para a Doutrina da Fé e depois de uma consulta das conferências episcopais; uma instituição cinquentenária, fruto do Concílio Vaticano II, estabelecida pelo Papa Paulo VI, em 1969.
No discurso, publicado online pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Francisco indicou três direções para este “momento árduo” e “histórico”: A fidelidade criativa à Tradição; a abertura com prudência às diversas disciplinas; e a colegialidade.
O Papa começou por indicar a Tradição como “garantia do futuro”, que faz crescer a Igreja na “vertical, de baixo para cima”, “como a árvore”, alertando para o perigo de ir noutra direção.
“Hoje existe um grande perigo que é o de ir em outra direção, o ‘de retroceder’. Voltando para trás: ‘Sempre foi feito assim’, é melhor retroceder, o que é mais seguro, e não avançar com a Tradição. Essa dimensão horizontal moveu alguns movimentos, os movimentos da Igreja, para permanecerem fixos num tempo, numa direção retrógrada. São aqueles que ‘retrocedem’”, explicou.
Sobre a segunda direção, valorizar o “princípio da interdisciplinaridade”, o Papa assinalou o realizar o trabalho de “aprofundamento e inculturação do Evangelho com relevância e incisividade”, de se abrir com prudência à contribuição das diversas disciplinas “graças à consulta de especialistas, inclusive não-católicos”, conforme previsto nos Estatutos da Comissão Teológica Internacional, no número 10.
Por último, Francisco realçou que a colegialidade adquire particular relevância e “pode oferecer uma contribuição específica no contexto do caminho sinodal”, referindo que “como para qualquer outra vocação cristã, também o ministério do teólogo, além de ser pessoal, é comunitário e colegial”.
À Comissão Teológica Internacional, a partir do grupo de 30 pessoas que recebeu em audiência, o Papa desejou,” um trabalho sereno e fecundo”, e já tinha agradecido a “generosidade, competência e paixão” do serviço desenvolvido em 50 anos, e a superação das dificuldades impostas pela pandemia.
“Os temas confiados à vossa atenção e competência são de grande importância nesta nova etapa da proclamação do Evangelho que o Senhor nos chama a viver como Igreja a serviço da fraternidade universal em Cristo”, observou o Papa.
O Papa destacou também o seu contentamento pela CTI ter acolhido os temas propostos para serem explorados: A “irrenunciável atualidade” da “fé cristológica professada pelo Concílio de Niceia”, nos 1700 anos da sua celebração (325-2025), a análise de questões antropológicas emergentes para o caminho da família humana, e o aprofundamento, “cada vez mais urgente e decisivo”, da Teologia da criação em perspetiva trinitária, para ouvir o grito dos pobres e da terra.
CB/PR