Uganda: A história de Oyat Martine e o trabalho dos Combonianos nas prisões

Do corredor da morte para uma nova vida, pela ação de «empoderamento» e «advocacy» dos missionários

Lisboa, 11 jan 2023 (Ecclesia) – O padre José Rebelo, Comboniano, disse que a missão tem duas grandes vertentes, o “empoderamento” das pessoas e o “advocacy”, a partir da história de Oyat Martine, um ugandês salvo da pena de morte pela ação de um missionário.

“As duas coisas parecem que não se identificam mas o que se pretende é de alguma maneira trazer para a ribalta, para a opinião pública, situações que precisam de atenção, para que possamos contribuir para a mudança de políticas mais justas, no sentido da justiça social, políticas de equidade”, disse hoje em entrevista à Agência ECCLESIA.

A história de Oyat Martine cruzou-se com o trabalho dos missionários Combonianos nas prisões do Uganda, do corredor da morte, depois de ter sido preso e condenado no decurso da visita uma cena de crime quando era polícia, ressurgiu para uma vida nova pela ação do padre Tarcisio Agostoni, missionário Comboniano.

“É muito impressionante ouvir o testemunho dele porque dedica-se a estas crianças, tem vontade de estudar e nota-se uma vontade de viver e de ajudar impressionante”, destaca o padre José Rebelo.

Atualmente, Oyat Martine trabalha numa instituição que apoia crianças em risco e estuda na Universidade de Gulu, onde faz um curso de Engenharia.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

O padre José Rebelo lembra que o missionário italiano nos últimos anos de missão “envolveu-se muito nas prisões”, escreveu um livro a questionar o direito do Estado em matar, no Uganda “havia umas 400 pessoas no corredor da morte”, nos anos 90, e estava “convencido” da inocência de “um terço”.

“Quando há dificuldade de investigar, as polícias e o Magistério Público não têm capacidade de investigar, de analisar as provas, para condenar, que garantia temos que a pessoa cometeu os crimes que lhe são imputados, e mesmo que tenha cometido deve o Estado eliminá-la”, desenvolveu o entrevistado.

Neste trabalho com os detidos, o padre Tarcisio Agostoni dava “assistência espiritual” e assistência material, quando saia do estabelecimento prisional levava “um molho de notinhas” com pedidos de roupa, de comida, que contactasse familiares dos presos, e fazia ‘advocacy’, procurava “influenciar as instituições” para agirem de um modo “mais civilizado, mais humano, cristão”.

O padre José Rebelo, que é o diretor das Obras Missionárias Pontifícias em Portugal, explica que existem “duas grandes vertentes na missão”, uma é o “empoderamento” das pessoas, que é a parte mais visível do trabalho missionário, isto é “dar às pessoas os meios para serem os agentes da própria história, sobretudo através da educação”, o segundo aspeto, que é menos visível, é o “advocacy”, porque “todos precisam da mesma ajuda, mas há quem precise mais”.

HM/CB

 

Foto: Agência ECCLESIA/HM
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