Ucrânia: Memórias do país tocam-se ao piano, no Porto, na esperança de voltar «o mais rapidamente possível»

Daniels é uma das 47 pessoas acolhidas na Estrutura de Acolhimento Coletivo do Seminário do Bom Pastor

Foto Agência ECCLESIA/PR

Porto, 07 abr 2022 (Ecclesia) – Daniels fugiu da guerra, chegou ao Porto há três semanas e toca ao piano as memórias da Ucrânia na esperança de voltar ao seu país “o mais rapidamente possível”.

“Tenho esperança, quero voltar à Ucrânia, tenho amigos que ficaram lá, espero que seja o mais rapidamente possível. Os meus pais ainda lá estão”, disse à Agência ECCLESIA enquanto tocava ao piano a música “Ucrânia”.

Daniels é um dos 47 ucranianos que reside na Estrutura de Acolhimento Coletivo do Seminário do Bom Pastor, ao abrigo de um protocolo entre a Obra Diocesana de Promoção Social, da DIocese do Porto, e a Segurança Social.

“Algumas cidades ucranianas foram libertadas, há alguns dias, e isso dá-me esperança de que esta guerra possa acabar, em breve”, acrescenta o jovem da Ucrânia.

A Estrutura de Acolhimento Coletivo do Seminário do Bom Pastor foi criada pela Diocese do Porto que cedeu o espaço para dar uma “resposta de emergência” de acolhimento para pessoas que saíram da Ucrânia por causa da guerra.

“Todas as pessoas estão aqui através do encaminhamento da linha de segurança social”, indica Cristina Figueiredo, diretora técnica da Estrutura de Acolhimento Coletivo do Seminário do Bom Pastor.

As rotinas na estrutura de acolhimento acontecem “como se estivessem em suas casas”, seja para as refeições, na sala de brincar “com todo o tipo de estimulação para as diferentes idades” das crianças e também nas “aulas de português dadas por professores voluntários”.

“Existe toda uma equipa interdisciplinar que tenta dar continuidade aos seus projetos de vida”, refere a diretora técnica, indicando que já “várias famílias foram reintegradas na comunidade”.

Cristina Figueiredo refere que diversas autarquias “proporcionaram a diferentes famílias a possibilidade de se reintegrarem na sociedade com perspetivas de trabalho e de integração das crianças nas escolas”.

“Tem corrido mito bem, com muito sucesso”, afirma.

A diretora técnica da estrutura de acolhimento temporário, que acompanha os residentes, diz que cada família, compostas maioritariamente pelas mães e os seus filhos, tem contacto diário com os familiares que ficaram na Ucrânia e, apesar do “registos da destruição que lá acontece”, tem esperança em voltar.

“Existe esperança, sinto isso e vejo pelos discursos deles. Mas também sabem que vai ser muito difícil a reconstrução de tudo. Eles veem, em Portugal, uma esperança muito grande, com a vontade de voltarem, de regressarem ao seu país de origem”, afirma a diretora técnica.

No dia 12 de março, a Diocese do Porto assinou um protocolo de cooperação com a Segurança Social, no âmbito do acolhimento de refugiados ucranianos no Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde.

Um dos pavilhões do edifício funciona como “espaço de acolhimento coletivo”, com capacidade para receber 70 refugiados da Ucrânia.

PR

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