Sociedade: Religiosas querem «consciencializar» para existência de tráfico humano e condenam «traficantes e clientes»

Comissão de Apoio às Vítimas do Tráfico de Pessoas quer comprometer sociedade civil para denunciar formas de exploração

Lisboa, 12 out 2023 (Ecclesia) – A Comissão de Apoio às Vítimas do Tráfico de Pessoas – CAVITP quer “informar, consciencializar e comprometer a sociedade civil” e os religiosos para “a problemática do tráfico de pessoas” e condena “traficantes e clientes” que sustentam o tráfico.

“Sensibilizar e dinamizar a opinião pública na deteção e denúncia desta forma de exploração; desenvolver ações de envolvimento multissectorial e cooperação para a prevenção e bloqueio das redes de tráfico” são objetivos que a Comissão quer desenvolver, assumindo o compromisso num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

A CAVITP, ligada à Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal – CIRP, criada em 2007, quer estender o seu trabalho a um maior número de congregações religiosas, em especial femininas, alertando para “a existência de uma nova escravidão”.

“O número de pessoas traficadas continua a aumentar até aos dias de hoje, pelo que se sentiu necessidade de sinalizar este fenómeno, instituindo o dia 18 de outubro como Dia Europeu contra o Tráfico de Pessoas”, relembra.

A Comissão lembra que de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948, “no seu artigo 4º”, “ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas”.

“Apesar da clareza na sua formulação, a Assembleia Geral da ONU, tendo consciência de que muitas pessoas continuavam a ser escravizadas, no ano seguinte – 02.12.1949 -, adotou a «Convenção das Nações Unidas para a Supressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição de Outrem», explicitando, assim, as formas da escravatura atual”, recorda.

A CAVITP foca a necessidade de destacar a existência de “traficantes e clientes”, para quem, sublinha, “as pessoas são apenas mercadoria que dá muito dinheiro ou meros objetos, como instrumentos baratos de trabalho e/ou de prazer egoísta, hedonista”.

“Se não houvesse procura, a oferta não seria tão avultada. Traficantes e clientes, são pessoas sem dignidade humana e, por isso, não reconhecem a sagrada dignidade de cada ser humano. O meu grito de hoje vai para eles: recuperem a vossa dignidade humana, tornem-se seres verdadeiramente humanos. Não são as outras pessoas que roubam a nossa dignidade, somos nós que a destruímos em nós mesmos, quando julgamos os outros como coisas que podemos vender, comprar e deitar fora quando já não nos dão lucro”, assina a irmã Maria Julieta, religiosa do Sagrado Coração de Maria e presidente da CAVITP.

LS

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