Sínodo 2024: «Saímos unidos, coesos, apesar de muito diferentes» – D. Joel Portela Amado (c/vídeo)

Presidente da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB elogia percurso dos últimos três anos, que superou receios de cisões na Igreja

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Roma, 24 out 2024 (Ecclesia) – D. Joel Portela Amado, presidente da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), destacou o percurso no processo sinodal lançado pelo Papa, nos últimos três anos, que superou receios de “divisões e cisões” na Igreja.

“Quando nós começamos, em 2021, eram tantos desafios, tantas questões e havia uma incerteza. Onde é que isso vai dar? Onde vamos chegar? Vamos chegar em ter os coesos ou quebrados, esfacelados? E saímos unidos, coesos, apesar de muito diferentes”, disse hoje o bispo de Petrópolis, em declarações à Agência ECCLESIA.

A assembleia sinodal, que decorre até 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

D. Joel Portela Amado, um dos representantes do episcopado brasileiro nestas sessões, sublinha que o Sínodo “trouxe inúmeras questões muito concretas”.

“Em 2021, ainda nos perguntávamos: onde vai dar isso? Vamos conseguir alguma coisa em termos de comunhão? E conseguimos”, refere.

A experiência de comunhão, a experiência de unidade, apesar da diversidade ou em meio à diversidade, é o grande dom que temos no Sínodo”.

 

. Joel Portela Amado (E) e D. Dirceu de Oliveira Medeiros (D) Foto: Agência ECCLESIA/OC

O presidente da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB recorda que a identidade da Igreja Católica é “abrangente”, com presença “em diversas realidades, em diversos espaços”.

“É a mesma Igreja presente em diversas culturas, diversos povos, mas é a mesma Igreja que vai se adaptando conforme os desafios que os novos tempos trazem”, acrescenta.

O bispo de Petrópolis recorda que quando o Papa lançou este processo sinodal, em 2021, o Brasil viveu uma “experiência de separação muito forte, até por razões de opção política”.

“O que importa é que estamos unidos, e essa é a grande lição do Sínodo”, indica.

Questionado sobre os desafios lançados à forma de exercer a autoridade na Igreja, o responsável católico destacou que “não se vai começar do zero”.

“O que sai deste Sínodo, especificamente em termos do exercício do episcopado, é que nós não somos monarcas, não somos absolutistas. Pelo contrário, nós somos como os pais de uma comunidade”, sustenta.

Para D. Joel Portela Amado, esta Assembleia Sinodal recordou que “unidade é diferente da uniformidade”.

“A Igreja é católica exatamente porque consegue conviver, consegue construir comunhão em meio à diversidade”, precisa.

O entrevistado entende que a Igreja “deve” propor a metodologia sinodal aos vários âmbitos da sociedade, porque “não busca a diferença, o conflito, mas busca a comunhão como ponto de partida”.

“O grande testemunho que a Igreja deve dar é a comunhão”, prossegue.

Esta sessão da Assembleia Sinodal tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

A eles somam-se, sem direito a voto, 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

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