Sínodo 2021-2024: «Cada comunidade deve conhecer os pobres, os imigrantes, os refugiados», diz relatório do Patriarcado de Lisboa

Documento destaca centralidade do «acolhimento e o acompanhamento das pessoas», na vida da Igreja

Lisboa, 16 abr 2024 (Ecclesia) – O Patriarcado de Lisboa divulgou hoje um novo contributo sinodal, no qual defende atitudes de “acolhimento” e “acompanhamento” das pessoas, em particular as que vivem em situações de maior fragilidade.

“O acolhimento e o acompanhamento das pessoas foram reconhecidos como elementos fundamentais para a vida eclesial. Estas duas atitudes devem conduzir à atenção às periferias humanas, geográficas, económicas e sociais: cada comunidade deve conhecer os pobres, os imigrantes, os refugiados e ir ao seu encontro não como um mero assistencialismo, mas com a caridade de Cristo”, assinala o documento, enviado à Agência ECCLESIA.

O relatório síntese da reflexão realizada na Diocese de Lisboa, no período entre sessões da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, propõe ainda a criação de “gabinetes de escuta e acompanhamento”.

O documento tem 21 pontos, sublinhando a importância de “auscultar as vozes dos que, de alguma forma, se sentem excluídos”, dando como exemplo “as famílias reconstruídas, as pessoas separadas, as pessoas com atração pelo mesmo sexo”.

A reflexão alude ao papel das estruturas caritativas, que podem “ir para além do assistencialismo”, realçando que a Igreja é “chamada a combater a pobreza e ter presente todas as suas formas”.

O texto aponta também o lugar das famílias e a responsabilidade dos leigos nas comunidades católicas, apelando a um maior “sentido de pertença”.

Alguns grupos indicaram que o papel das mulheres na Igreja é insuficiente, de forma particular no que se refere aos ministérios, também ordenados, ainda que alguns grupos reconheçam que isso é matéria pouco consensual”.

A síntese alude à importância da catequese, da oração, da comunicação – também nos meios digitais, da consciência missionária e da Doutrina Social da Igreja.

O texto aponta a um maior espírito de avaliação à ação dos atores pastorais, “sendo de equacionar a existência de um «livro de reclamações» e até de uma «provedoria da Igreja»”.

Esta síntese foi enviada à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que reúne os vários contributos diocesanos num texto destinado à Secretaria-Geral do Sínodo, responsável pela elaboração do documento de trabalho (Instrumentum Laboris) da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo (2 a 27 de outubro de 2024).

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

A CEP está representada na assembleia sinodal por D. José Ornelas, presidente da CEP, e D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

OC

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