Seul: JMJ 2027 vai ser «oportunidade de diálogo, de fraternidade e de comunhão» com outras religiões, afirma o secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida (c/vídeo)

Gleison de Paula Souza salienta que Igreja coreana tem tentando envolver todos os atores da sociedade civil e de outras confissões religiosas «para serem também protagonistas» na Jornada, a primeira que vai decorrer num país em que «o número de católicos é inferior ao das outras religiões»

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Henrique Matos, enviado da Agência ECCLESIA a Roma

Cidade do Vaticano, 28 nov 2024 (Ecclesia) – O secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida destacou a oportunidade que a JMJ 2027, na Coreia do Sul, vai representar para o diálogo com outras religiões, onde os católicos são apenas 10% da população.

“Vai ser a primeira Jornada Mundial da Juventude onde o número de católicos é inferior ao das outras religiões. Então é uma oportunidade, eu vejo isso como uma oportunidade de diálogo, de fraternidade, de comunhão”, afirmou Gleison de Paula Souza, em declarações à Agência ECCLESIA, em Roma.

O responsável acredita que “viver juntos em harmonia e serenidade” será uma mensagem a transmitir nesta edição internacional do encontro com o Papa.

Em julho, o Secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida esteve na Coreia do Sul, e explica que a Igreja coreana tem “tentando envolver todos os atores da sociedade civil, de outras religiões, para serem também protagonistas”.

Apesar das relações tensas entre os dois países, Gleison de Paula Souza manifestou também o desejo de a JMJ Seul 2027 acolher jovens da Coreia do Norte.

“Esse é um sonho. É um sonho que, eu tenho a certeza que o Comité Local procurará trabalhar sobre isso, nós ainda não temos informação em relação ao tema, mas vamos continuar em oração para que tudo vá para esse caminho, que dê tudo certo”, expressou.

Os jovens da Coreia do Sul receberam os símbolos da JMJ no último domingo, no Vaticano, numa celebração com jovens portugueses, que passaram o testemunho para a próxima edição do encontro, no verão de 2027.

 

“Lisboa foi uma experiência espetacular para os jovens, para o Papa, para o nosso dicastério”, assinalou Gleison de Paula Souza em declarações transmitidas hoje, no programa Ecclesia, na RTP2, que acrescenta que, tal como fez com os jovens de Portugal, também agora o Papa entregou a Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora, enviando os jovens sul-coreanos em missão.

“A nova missão é que comecem a preparar-se. Comecem a preparar-se para acolher os jovens do mundo todo, acolherem os jovens de Portugal, acolherem os jovens da América Latina, da Ásia, de um modo especial, e da Europa, para anunciar Cristo vivo. Cristo vivo, que quer transformar as vidas”, referiu.

Foto: Jornada Mundial da Juventude 2027

O secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida exortou os jovens a não terem medo e a ter coragem “para enfrentar as dificuldades do dia a dia”: “Cristo vivo, que quer transformar as vidas. Cristo vivo, que quer nos dizer que não temos que ter medo”.

Sobre o elevado desenvolvimento tecnológico do Coreia do Sul, o secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida salientou que o mundo digital “é um novo lugar de evangelização” e “de missão”, apelando aos jovens do mundo inteiro e do país que recebe a próxima JMJ a trabalhar nele.

“Devem tentar utilizar este novo campo para evangelizar, para apresentar o testemunho de Cristo para os outros jovens”, defendeu.

Embora existam riscos no mundo digital, como o isolamento, o entrevistado realça que este tem também “lados positivos”, como a possibilidade de “chegar a mais pessoas” e transmitir Cristo.

Relativamente à questão da veracidade que se impõe com o desenvolvimento da Inteligência Artificial, o secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida refere que “para a Igreja é muito claro que a verdade é Cristo, não existe outra verdade”.

“A fabricação de não-verdades é fruto não do meio, não do digital, não da inteligência artificial, é fruto do homem que não quer falar a verdade”, sublinha.

Segundo Gleison de Paula Souza, é função da Igreja apresentar aos jovens, no caso da JMJ, e “apresentar a todos os fiéis do mundo, essa maturidade, não só para distinguir o que é verdade ou não é verdade, mas a maturidade de experimentar a verdade que é Cristo com muita tranquilidade, com muita sabedoria, saber distinguir aquilo que é realmente a mensagem de Cristo”.

A entrevista ao secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida é emitida no programa Ecclesia desta quinta-feira, na RTP2, onde se apresenta uma reportagem alargada sobre a passagem dos símbolos da JMJ dos jovens portugueses para os sul-coreanos, no último domingo.

Lisboa acolheu a edição internacional da Jornada Mundial da Juventude entre 1 e 6 de agosto de 2023, com mais de 1,5 milhões de participantes nas celebrações conclusivas, presididas por Francisco no Parque Tejo.

A próxima edição internacional da JMJ vai decorrer em Seul, capital da Coreia do Sul, em 2027, com o tema ‘Tende coragem: eu venci o mundo!’, uma passagem do Evangelho segundo São João (Jo 16,33).

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, e desde então a JMJ já passou pelas seguintes cidades: Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016), Panamá (2019) e Lisboa (2023).

HM/LJ/PR

JMJ 2027: «Rezamos para que possam vir jovens da Coreia do Norte» – Arcebispo de Seul (c/vídeo)

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