Setúbal: Bispo D. Américo Aguiar projeta ano jubilar, com peregrinações e novo «mapa» das comunidades católicas

Mensagem nos 50 anos da diocese sadina inclui notas de D. Gilberto dos Reis e D. José Ornelas, antecessores do cardeal

Setúbal, 16 jul 2024 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal, D. Américo Aguiar, escreveu uma carta pastoral, a propósito das comemorações do Jubileu dos 50 anos da diocese, que hoje se iniciam, fazendo “memória agradecida” e olhando para o futuro.

Com o título ‘Igreja de Setúbal, és peregrina da esperança’, a mensagem começa com a recordação de alguns acontecimentos na origem da diocese, nomeadamente a bula de criação ‘Studentes Nos’,  do Papa Paulo VI, a nomeação do primeiro bispo, D. Manuel da Silva Martins, ou a confirmação de Santa Maria da Graça como padroeira.

D. Américo Aguiar evoca, no 49.ºaniversário da Diocese de Setúbal, o ministério episcopal de D. Manuel Martins, primeiro bispo sadino, que “marca de uma forma única a vida da Igreja em Portugal, pelo reconhecimento unânime da sua determinação em denunciar a pobreza e as injustiças sociais que, ao tempo, eram uma duríssima realidade nesta Diocese que lhe tinha sido confiada e que cuidou e amou até ao fim”.

O cardeal lembra também D. Gilberto dos Reis, sucessor de D. Manuel Martins, cujo ministério “ficou especialmente marcado, em primeiro lugar, pela integração do Santuário de Cristo Rei e do Seminário de Almada na Diocese de Setúbal e pelo Jubileu do ano 2000, durante o qual a Diocese celebrou o seu jubileu de prata”.

Por sua vez, “o ministério episcopal de D. José Ornelas (2015-2022) caraterizou-se pelo estímulo dado à dimensão sinodal da Igreja, concretizada na preparação do sínodo diocesano por ocasião do jubileu de ouro da Diocese de Setúbal e em comunhão com o sínodo e o jubileu da Igreja universal (2024-2025)”, destaca D. Américo Aguiar.

Muito devemos aos que vieram antes de nós e que nos transmitiram a Fé da Igreja, através do seu testemunho orante e do seu trabalho pela edificação do Povo de Deus. Por eles fomos introduzidos nesta nossa Igreja de Setúbal, na qual nos alimentamos e recebemos a inspiração e graça para continuar adiante”.

Quanto ao Jubileu diocesano, que se inicia hoje e termina em dezembro de 2025, D. Américo Aguiar realça que a primeira das atividades da diocese de Setúbal vai ser “a abertura do Jubileu Diocesano nas igrejas jubilares”.

“Abrir e viver o Jubileu Diocesano para, mediante a Indulgência Plenária, enquanto peregrinos e com um verdadeiro desejo de conversão, receber as graças divinas e destruir o pecado que nos impede de amar a Deus e aos irmãos”, afirma.

O cardeal deseja que todos possam receber as graças do jubileu diocesano peregrinando a quatro locais –  Real Santuário de Nossa Senhora da Atalaia, Santuário de Cristo Rei, Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel e à Igreja Catedral de Santa Maria da Graça – um convite que reforça numa mensagem hoje divulgada.

“Cada um com os meios que dispõe, poderá peregrinar a estas quatro igrejas, ao longo do ano, sendo portadores de um ‘passaporte de peregrino’ com uma breve explicação dos locais e com as graças que o Papa Francisco concedeu à igreja de Setúbal com a indulgência Plenária”, explica o bispo.

Foto: Diocese de Setúbal

A Diocese de Setúbal dá conta que os idosos, doentes e todos aqueles cuja condição não lhes permita fazer esta peregrinação às igrejas jubilares, vão poder também alcançar a indulgência plenária se se arrependerem dos seus pecados e tiverem intenção de, assim que possível, realizar essa peregrinação, unindo-se espiritualmente ao Jubileu, às celebrações ou às peregrinações, oferecendo as suas orações e dores a Deus que é cheio de misericórdia.

Na mensagem, o bispo de Setúbal fala também no mapa das paróquias da diocese, “que são a marca no presente das escolhas do passado, mas que podem já não se adequar à realidade” da diocese, em que mais de um quarto dos “praticantes veio do estrangeiro e 80 por cento do total” vieram habitar para o território nos últimos 50 anos.

D. Américo Aguiar esclarece que constituiu uma equipa técnica para “ajudar com as suas propostas e análises a traçar eventuais novos rumos”: “os desafios estão aí e a prevista construção de grandes infraestruturas promete novas alterações, enriquecendo o tecido social e territorial entre o Tejo e o Sado, pelo que urge sermos proativos neste futuro que se avizinha”.

Olhar para o mapa implica olhar também para a distribuição do clero, dos recursos humanos e materiais, procurar tornar mais eficaz, carinhosa e acolhedora a presença da Igreja, dar-lhe a possibilidade de chegar onde ainda não chegou e de ter em conta os sonhos e as necessidades de tanta gente que chega de outros contextos e geografias”.

No final da mensagem, o cardeal frisa que a celebração do Jubileu Diocesano pede “a todos muito mais do que uma experiência de saudade”.

“Sempre acompanhados pela Vossa Mãe, seguindo o exemplo do Seu ‘sim’, desejo que a nossa Diocese de Setúbal, unida à Igreja Universal e ao Santo Padre, seja garantia da unidade e da fidelidade à fé que recebemos e queremos transmitir. E que possa continuar a peregrinar ‘esperando a Vossa vinda gloriosa’”, concluiu.

A Diocese de Setúbal foi criada a 16 de julho de 1975 pelo Papa São Paulo VI com a Bula ‘Studentes Nos’.

LJ/OC

A carta pastoral inclui notas de dois antecessores, D. Gilberto Reis, bispo emérito, e D. José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima, que evocam os 50 anos de criação da Diocese de Setúbal.

Senhor, bendito sejas por me teres confiado esta jovem diocese; perdoa por lhe ter dado tão pouco; e ajuda-me a rezar melhor para que Setúbal cresça mais e mais: na arte de ajoelhar junto de quem sofre para lhe lavar os pés e o integrar na comunidade; na arte de ser comunhão e fonte de comunhão na pluralidade de dons e de vocações; na arte de contemplar, acolher, revelar e difundir o Teu Amor divino na vida diária; na arte de cuidar e de ser esperança para todos e com todos e em toda a parte”, escreveu o segundo bispo de Setúbal.

D. José Ornelas ressalta que aprendeu a ser bispo nesta diocese, “nascida num tempo de grande renovação da Igreja, pelo sopro do Espírito, através do Concílio Vaticano II e de profunda transformação do país, a partir da revolução de Abril”.

“Nunca deixei de admirar e agradecer a vida desta Igreja que encontrei já com 40 anos de idade”, declarou.

O bispo de Leiria-Fátima fala que sempre sentiu “a Igreja de Setúbal como uma Igreja em crescimento, marcada pelas suas origens, consciente da diversidade étnica e cultural que a carateriza, aberta para integrar quem chega e ajudar quem precisa”.

“Trago no coração, de modo especial, os jovens de Setúbal que, em maior ou menor número, inseridos nos escuteiros ou em outros grupos e movimentos, senti bem presentes e vibrantes perante os desafios, como a pandemia e a JMJ 2023. Que o Espírito continue a animar-vos, como força e esperança para a Igreja, agora com a atenta e criativa direção do novo bispo”, deseja.

 

Setúbal: Diocese inicia comemorações do jubileu dos 50 anos de criação

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