Lisboa: «Onde há dinâmicas de Pastoral Vocacional, os seminaristas vão aparecendo» – reitor do Seminário dos Olivais

Padre José Miguel Barata Pereira destaca que jovens precisam de “proximidade, de alimento e de provocação” e seminarista Isaac Penha conta a história que o levou ao caminho rumo ao sacerdócio

Foto: Seminário dos Olivais

Lisboa, 08 nov 2024 (Ecclesia) – O reitor do Seminário Maior de Cristo-Rei dos Olivais, em Lisboa, afirmou que a diminuição do número de seminaristas se relaciona com a falta de dinâmicas da Pastoral Vocacional.

“Onde há equipas de pastoral vocacional, onde há dinâmicas de Pastoral Vocacional, os seminaristas vão aparecendo. Onde isso não se consegue fazer, por realidades várias, às vezes, vão diminuindo o número de seminaristas e depois parece que entramos numa espiral de diminuição”, referiu o padre José Miguel Barata Pereira, em entrevista ao programa Ecclesia.

O sacerdote destaca que é muito importante e constitui-se um “sinal de esperança” o facto de a Pastoral Vocacional não estar “exclusivamente dependente do Seminário”.

Desta forma, o reitor do Seminário dos Olivais defende que “o Seminário esteja nas paróquias”, mas também “que as comunidades venham ao Seminário” e “façam Pastoral Vocacional”.

“Este acompanhamento espiritual que os padres fazem pessoalmente, muitas vezes são elementos que suscitam a inquietação vocacional”, ressaltou.

Padre José Miguel Barata Pereira, reitor do Seminário dos Olivais

O padre José Miguel Barata Pereira entende que os jovens seminaristas precisam de “proximidade, de alimento e de provocação”.

“A proximidade com o Seminário só por si não chega, ajuda muito, é necessária, mas depois é preciso alimento, é preciso padres que dediquem tempo a ajudar os jovens a amadurecer o seu itinerário de consciência da relação com Cristo e com a Igreja e com o mundo”, sustentou.

O sacerdotes fala na importância de provocar os jovens, que não acontece por medo de “manipulação de consciência”, sublinhando que se propostas não forem feitas aos jovens, outras realidade fazem outras sugestões “justas, boas, outras menos boas, mas fazem”.

Além do reitor do Seminário Maior de Cristo-Rei dos Olivais, em Lisboa, também Isaac Penha, seminarista, esteve no programa Ecclesia, transmitido hoje na RTP2, no âmbito da Semana de Oração pelos Seminários 2024, que decorre até domingo.

Isaac Penha conta que a família sempre o ensinou a rezar, a conhecer Deus e a questionar-se, tendo desde cedo ido a encontros pré-seminário, no entanto depois a vida “deus muitas voltas”.

“Entrei no Seminário Menor no 11ºano, entrei depois num Seminário Maior para a Universidade Católica e depois decidi fazer-me à vida, sair do seminário, levar o que lá tinha aprendido, que era bom, e depois andei mais ou menos perdido algum tempo, um pouco mais afastado de Deus”, relata.

O seminarista explica que, naquela altura da vida, Deus não entrava nas equações, contudo há muitos acontecimentos que o levam a reencontrar-se “com Ele através de pessoas concretas, de acontecimentos concretos”.

“Já depois de um ensino universitário e do início de uma vida profissional, decidi deixar tudo e arriscar a vocação que eu acho que Ele me chama”, descreve.

Isaac Penha, seminarista

Isaac Penha refere que a Igreja pelo Seminário, naquele momento, lhe disse que o via “a continuar” naquele caminho e que hoje, em oração, percebe que Deus nunca o convidou a sair.

“A experiência que tive fora do Seminário, quer na universidade, quer a começar a trabalhar, recebi coisas muito importantes, também uma relação de namoro, por exemplo, que tive nesse período, foram coisas que me enriqueceram muito a nível humano, a nível de virtudes, de vida espiritual também, depois, que me ajudam a voltar ao Seminário com uma outra maneira, com uma outra certeza, com outra perspetiva”, assegura.

O seminarista encontra-se na reta final de formação para o sacerdócio, tendo já contacto com uma paróquia, onde está quase a tempo inteiro, caracterizando a experiência como “muito desafiadora”.

Isaac Penha destaca o contacto com as pessoas e refere que acompanha o pároco nos diversos ministérios e serviços, acabando “por aprender pela experiência, pela realidade, a viver aquilo que um padre vive”.

“Contactar com a humanidade concreta, real, onde eu encontro já Deus à minha espera, mas também eu levo Deus a estas pessoas, acaba por me formar muito para o sacerdote que Deus me chama a vir a ser”, assinala.

O padre José Miguel Barata Pereira frisa que a formação dos seminaristas “não se faz exclusivamente no Seminário”, relançado que os professores, bem como os ambientes em, que a propósito das aulas, os alunos possam participar, são “realidades” que concorrem para o “acompanhamento personalizado”, de acordo com “os interesses de cada um”.

“Também procuramos que eles assumam dentro do Seminário equipas de responsabilidade na área da cultura, na área da comunicação, etc., que também vá puxando pelas capacidades que eles têm”, refere.

A Igreja Católica em Portugal está a celebrar a Semana de Oração pelos Seminários 2024, que começou no domingo, com o tema ‘Que posso eu esperar?’, dos Salmos.

HM/LJ/OC

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