Quaresma: Comissão Nacional Justiça e Paz desafia a «caminhar juntos» no meio da cultura individualista

Caso não seja praticada, a sinodalidade pode ser enjaulada numa estrutura

Lisboa, 13 mar 2023 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) escreveu uma reflexão para a Quaresma de 2023 onde coloca no centro “o caminhar juntos na escuta a Jesus” no contexto de uma “cultura individualista”.

“É o desafio de, no meio da cultura individualista onde medramos, entrarmos na realidade sinodal que nos coloca num processo verdadeiramente relacional”, lê-se no documento da CNJP enviado à Agência ECCLESIA.

O Papa Francisco, ao propor uma ascese nesta Quaresma, coloca cada crente diante da “necessidade de uma resposta ao mundo de hoje”.

A ascese “no alto monte” não é o culminar de um processo, o fim, mas “uma etapa para regressar, descer e, com a experiência feita no alto, fazer dessa mística a razão para agir, não é uma farda que se põe e tira, mas é a própria pele da relação com Deus”, realça a nota.

No tempo presente, “talvez mais do que noutros tempos”, a Igreja é chamada “ao desafio sinodal” de viver “uma comunhão que dá testemunho”.

“E é também este o desafio que somos chamados a vivenciar como Comissão Nacional Justiça e Paz: o de, nas diferenças de um coletivo, podermos dizer uma palavra sobre a justiça e a paz fruto de um caminho sinodal que nos dispomos a fazer e se vai também tornando mais claro, sem méritos pessoais, mas fruto da bondade de Cristo”, sublinha o documento do organismo católico.

Não basta repetir à exaustão que a sinodalidade é comunhão, participação e missão. Mas se não se exercitam, enjaulamos a sinodalidade numa estrutura”

“Desçamos à planície, à cidade ou à aldeia, ao prédio onde moro com tanta gente que não conheço ou à vizinhança que desde sempre conhecemos, aos espaços laborais carregados de tensões ou aos recintos desportivos pintados de cores salpicadas de irracionalidades, embrenhemo-nos nas dificuldades latentes nos jogos políticos, desçamos à planície onde a humanidade labuta, entremos nas escolas onde a vontade de saber perde fregueses”, solicita este organismo católico.

Depois da experiência de ascese e sinodalidade, “somos chamados a olharmos as realidades sociais, políticas, laborais, culturais, eclesiais, familiares e pessoais, com olhos de Páscoa”.

LFS

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