Publicações: «Verdadeiramente Humanos» proporciona um debate «amplo da sociedade» (c/vídeo)

Capela do Rato vai receber lançamento do novo livro do teólogo e humanista canadiano Jean Vanier

Lisboa, 26 mar 2019 (Ecclesia) – A Capela do Rato, o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, dos bispos portugueses, e a editora Princípia promovem a apresentação de ‘Verdadeiramente Humanos’, livro de Jean Vanier, que fundou ‘A Arca’, às 21h00, desta quarta-feira, em Lisboa.

“Livro ajuda-nos a colocar a questão do significado do ser humanos, e podemos ter esse debate a muitos níveis. Depois ajuda a entrar em áreas que não necessariamente da deficiência ou da religião, mas um nível sociológico e amplo da sociedade”, disse Maria do Carmo Diniz, do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência do Patriarcado de Lisboa.

Em declarações à Agência ECCLESIA, a entrevistada afirma que hoje é preciso lembrar o que “é o significado de ser humano”, uma vez que se fala “pouco de humanidade” e sabe-se “pouco do significado”.

“Viramo-nos para as tecnologias, para as ajudas que podemos ter no nosso dia-a-dia e, às vezes, esquecemo-nos que somos humanos. Ser humano em primeiro lugar significa que não sabemos tudo, que nos enganamos, que temos um caminho para percorrer”, desenvolveu.

O livro ‘Verdadeiramente Humanos’ foi escrito por Jean Vanier um filósofo, teólogo e humanista canadiano que fundou em 1964 «L’Arche», uma federação internacional de comunidades dedicadas a pessoas com  deficiência de desenvolvimento e a quem as assiste.

Maria do Carmo Diniz assinala que quando se encontram pessoas “visivelmente diferentes” ou menos adequados à “imagem de perfeição” de cada um há tendência “a afastá-los, pô-los à margem”.

“É o que acontece quando nos esquecemos da nossa humanidade e da condição de todos e temos a pretensão de sermos muito produtivos, muito perfeitos”, acrescentou.

Neste contexto, afirma que as pessoas portadoras deficiência lembram a cada um “a própria fragilidade”, por isso, o querer “afastá-las e não olhar, pensar”, e a tendência “mais para a máquinas, no sonho de ser perfeitos, que é bonito”, mas é necessário “ser realistas”.

A entrevistada, da equipa do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência do Patriarcado de Lisboa, destaca que Jean Vanier tem uma forma de ver o mundo que “é exemplar”, indica que “pela fragilidade” todos precisam “uns dos outros”.

“Esta necessidade de fazer o caminho, de crescer, e de conviver e viver em comunidade, todos juntos. É para ele, e concordo, a forma de sucesso e de atingir a felicidade, não somos nada sem os outros, precisamos deles para crescer, viver, sermos felizes, aprendermos, tudo”, sublinha.

Maria do Carmo Diniz tem cinco filhos e o mais novo é deficiente profundo, com uma incapacidade de 99%, e é nos sítios onde o Bernardo “é acolhido e valorizado” que permanecem: “Viver diariamente com uma pessoa com deficiência profunda é tudo menos fácil, mas é muito bom”.

A federação internacional de comunidades ‘L’Arche’ está espalhada por 35 países e o humanista canadiano paraPortugal incentiva a que se “façam coisas novas”, que “não se prendam em formas de fazer” mas construa-se à “medida das pessoas que encontram e locais onde estão”.

Jean Vanier (nascido em Genebra, Suíça, 10 de setembro de 1928), assinala a entrevistada, defende que as comunidades “não devem ser começadas por pais” mas por pessoas com “abertura à deficiência e com coração aberto”, numa família alargada.

O lançamento de ‘Verdadeiramente Humanos’ vai decorrer em ambiente de conversa com Ana Rita Bessa, deputada na Assembleia da República que escreveu o prefácio, o vice-reitor da UCP, o padre José Manuel Pereira d´Almeida, o casal Joana Morais e Castro e Miguel Martins dos Santos, com moderação da jornalista Lígia Silveira.

PR/CB

 

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