Publicações: «Por este reino acima» conta a primeira viagem de Santo António, de Lisboa a Coimbra

O autor Gonçalo Cadilhe percorreu a pé este itinerário e encontrou o «interior do país deserto»

Foto: AE/SN

Lisboa, 22 ago 2020 (Ecclesia) – O autor da obra “Por este reino acima”, Gonçalo Cadilhe, contou à Agência ECCLESIA que festa oi uma experiência que lhe deu a conhecer o “interior do país deserto” e permitiu que se aventurasse na ficção. 

“Trinta anos depois de uma revolução dos meios de transporte, de acessibilidade, de autoestradas e do chamamento dos grandes pólos que é Lisboa e Porto, que foram esvaziando as cidades do interior, como Alvaiázere, Tomar ou Ansião, mas também as aldeias; o único lugar que resiste a essa desertificação é o café da praça em qualquer aldeia em que fui passando e ali recuperei o Portugal da minha juventude”, relata. 

O autor, que viaja pelo mundo inteiro, voltou ao seu país “da juventude, do tempo dos escuteiros” onde muito caminhou entre “espaços rurais, bosques e serras” e encontrou uma realidade bem diferente.

“Dos velhinhos aos que ficaram desterrados e uma nova classe de habitantes que é o estrangeiro, os que abandonaram as grandes cidades europeias e, com empregos digitais, ali se fixaram”, relata.  

Com o tempo de pandemia Gonçalo Cadilhe aponta que há razões para olhar o interior do país de outra forma e como boa sugestão para descobertas.

“Esperemos que haja uma inversão, mesmo em tempo de pandemia que põe em causa as inseguranças que as grandes cidades davam e até se está a começar a ver um novo repovoamento do interior”, assume. 

Gonçalo Cadilhe percorreu durante oito dias mais de 200 km em trilhos que, no seu entender, teriam sido feitos por Santo António há 800 anos num “país maravilhoso para descobrir a caminhar”. 

O percurso de Lisboa a Coimbra terá sido a primeira viagem que Santo António terá feito e, perto da zona da Golegã, em pleno caminho, o autor sentiu “necessidade de ter companhia”. 

“Foi uma necessidade com dois patamares diferentes, uma literária, aventurei-me na ficção, neste caso ficção histórica e explorei novos caminhos, depois tive a necessidade de companhia, de não fazer o caminho sozinho, reparei que tinha encontrado uma segunda metade do livro, paralela, que é a viagem do pequeno António que vi a fazer comigo a caminhada, ficciono a caminhada do jovem há 800 anos”, desvenda. 

A entrevista com Gonçalo Cadilhe é o mote do programa 70×7 do próximo domingo, na RTP2, pelas 17h30. 

SN

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