Publicações: Para criticar o Papa vale (quase) tudo, incluindo «fake news»

Livro de Nello Scavo, jornalista italiano, denuncia notícias e imagens falsas sobre Francisco

Lisboa, 29 mai 2019 (Ecclesia) – O jornalista italiano Nello Scavo, autor da obra ‘Fake Pope’, disse hoje à Agência ECCLESIA que as notícias falsas sobre o Papa têm como alvo “a mensagem” de Francisco, a sua ideia de Igreja e de mundo.

“As ‘fake news’ são essencialmente uma calúnia”, que existe na vida diária, mas que no caso do Papa Francisco ganha outra dimensão, refere o repórter, que se encontra em Portugal para apresentar o livro, lançado em 2018 na Itália.

‘Fake pope – As falsas notícias acerca do Papa Francisco’, é assinado por Nello Scavo e Roberto Beretta, que recolheram 80 acusações dirigidas ao pontífice: as relações com as ditaduras da América Latina, a maçonaria, o conclave manipulado, as supostas heresias, as nomeações falhadas, o relacionamento com a cúria, a mediatização, os escândalos e também as gafes.

Scavo realça que a ideia não é “canonizar o Papa”, mas ajudar o público a entender que algumas destas notícias falsas querem atingir.

“Há notícias falsas que foram construídas, deliberadamente, para caluniar e atingir Francisco, acusando-o de ser um incompetente, de não ser o verdadeiro Papa ou gerando rumores de que estaria gravemente doente” ou ligado a poderes como a Maçonaria.

“Todas estas coisas pode fazer-nos rir, mas percebemos que têm um forte impacto sobre a opinião pública. Muitas vezes, são pessoas que querem mesmo ouvir estas coisas”, realça o autor.

Nello Scavo fala numa “grande confusão”, que visa gerar “desorientação e divisão no seio da Igreja”.

Tratando-se de um Papa com “mensagens fortes” sobre temas políticos e pastorais, “incómodo”, Francisco acaba por gerar “inimizades”.

Infelizmente, também no seio da Igreja há oposição, mas procuramos identificar dois tipos: há quem, em boa fé, reivindique o direito de criticar o Papa, e em relação a isto penso que não há nada de mal; o problema é quando, pelo contrário, há críticas de má-fé ou quando se prestam ao jogo de outros interesses”.

Os textos são acompanhados por um conjunto de fotografias manipuladas, como aconteceu com uma imagem relativa à visita do Memorial do Yad Vashem, em Jerusalém, que alegadamente mostraria Francisco “dominado pelo poder judaico” – quando, na verdade, beijou as mãos, em sinal de respeito, a pessoas sobreviventes do Holocausto.

Nello Scavo observa que as notícias e imagens falsificadas “tendem a desacreditar os jornalistas”, apresentando-os como “ignorantes” ou “cúmplices”, incapazes de contar a verdade.

“Procura-se atingir o Papa nos temas em que está a estabelecer canais de diálogo, pontes, com outras comunidades”, acrescenta.

O autor considera que alguns responsáveis católicos preferem uma Igreja “fechada na sua fortaleza” e que afirme “a sua própria superioridade em relação ao mundo”.

“Os muros de que o Papa fala não são apenas muros físicos: são muros mentais, culturais, económicos. Quem propõe estas notícias falsas quer que fiquemos prisioneiros desta mentalidade”, conclui.

O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais vai promover esta quinta-feira um debate sobre o tema ‘Esta é a rede que queremos’, como forma de assinalar o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2019 (2 de junho).

O encontro, no auditório da Rádio Renascença, em Lisboa, tem início marcado para as 17h00, incluindo um debate sobre a mensagem do Papa, a entrega do Prémio de Jornalismo ‘D. Manuel Falcão’ e a apresentação do livro “Fake Pope”, com a presença do autor e de Begoña Iñiguez, jornalista da Cadena COPE.

OC

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