Publicações: Padre Tony Neves escreve «ao ritmo da vida e da história» e tem um novo livro de crónicas de 2021 a 2024

«O online é interessante pelo imediato, mas é arriscado porque se pode tudo perder; passar para um suporte como o papel, continua a ser uma forma de perpetuar as coisas», destaca o missionário espiritano

Lisboa, 09 jul 2024 (Ecclesia) – O padre Tony Neves, dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos), escreve crónicas “ao ritmo da vida e da história” que publicou num novo livro, o ‘Lusofonias, de Roma para o Mundo 2’, com textos de 2021 a 2024.

“O facto de ter passado para papel muitos dos escritos que vou fazendo ao longo da minha vida resulta de uma convicção, que é uma convicção partilhada por muita gente, de que o online é interessante pelo imediato, mas é arriscado porque se pode tudo perder. Fica tudo naquele emaranhado do online, umas coisas sobre as outras, o passar para um suporte como o papel, na minha opinião, continua a ser uma forma de perpetuar as coisas juntas”, explicou o sacerdote português, esta terça-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Os textos do padre Tony Neves, que, em geral, escreve “ao ritmo da vida e da história”, são partilhadas em vários meios online, as crónicas, com o tema geral ‘Lusofonias’, “nascem na [Agência] Ecclesia, e depois são reproduzidas em muitos espaços mediáticos”, semana após semana.

“Há testemunhos de vida, de missão, que são fantásticos, e que, muitas vezes, não tocam só o aspeto religioso, o aspeto cultural, o aspeto familiar, o aspeto desportivo, enfim, há muitas dimensões com as quais eu me confronto nessas visitas, nas minhas leituras, nos meus encontros, e que são, para mim, de uma riqueza enorme, e é por isso que eu as tento passar também para a crónica.”

‘Lusofonias – de Roma para o Mundo 2 (2021-2024)’, a mais recente publicação do missionário Espiritano, tem prefácio do cardeal D. Manuel Clemente, o patriarca emérito de Lisboa, que destaca que o autor fala em parábolas.

“Podemos encontrar acontecimentos, por exemplo, as Jornadas Mundiais da Juventude, o Sínodo sobre a sinodalidade, podemos encontrar o Papa Francisco no seu melhor, – nas suas viagens, nas suas intervenções, nos seus escritos, a Fratelli Tutti -, podemos encontrar também as muitas viagens que como missão eu tenho que fazer à América Latina, a África, aqui à Europa. Podemos encontrar eventos que, na minha avaliação, marcam a história do mundo, da Igreja, da sociedade, podemos encontrar filmes e livros, podemos encontrar pessoas, quando recebem prémios, quando são nomeadas, também quando Deus a chama. Enfim, tudo boas razões para semana após semana escrever uma crónica”, explicou o padre Tony Neves.

O sacerdote português vive em Roma, está ao serviço da sua congregação religiosa onde é o correspondente do Conselho Geral para alguns países em África – os lusófonos Cabo Verde, Angola e Moçambique, na América Latina – “a Bolívia, o Paraguai, o Brasil, que é um continente das Amazónias Interiores e Litorais, até as cinturas complexas do rio São Paulo” – e também na Península Ibérica, Portugal e Espanha.

“Mas sou chamado a acompanhar colegas meus, ainda agora acabei de fazer uma visita ao Congo Brazzaville e ao Gabão, que são realidades para nós lusófonos completamente novas. Eu gosto de viver estas viagens com intensidade, vou tomando as minhas notas, ao fim de cada dia faço uma pequenina crónica, e no fim de cada semana, faço uma crónica maior que publico. Por isso, pô-las depois em livro é uma forma de não as perder”, desenvolveu.

As ‘Lusofonias’ que o padre Tony Neves publicou neste ‘de Roma para o Mundo 2’ começam em 2021, a primeira crónica ainda é do tempo da pandemia Covid-19, e a última já de 2024.

“A pandemia trouxe muitas lições, a minha avaliação é que se calhar nós não capitalizámos suficientemente essas lições e se calhar, não fomos capazes de como humanidade crescer e foi pena”, lamenta o sacerdote, que, desse tempo, recorda “sempre aquela grande celebração” do Papa Francisco, de 27 de março de 2020, “numa praça de São Pedro vazia e a chover”, e disse que estavam todos “na mesma barca, a enfrentar as mesmas tempestades”.

“Nós, como pessoas, somos comunhão e é em família que temos que viver e que nos temos que salvar é por isso que muitas das opções políticas que vamos fazendo, enquanto cidadãos e enquanto países, na minha opinião deixam muito a desejar porque optam sobretudo por um individualismo que mata um caminhar juntos.”

Neste contexto, o correspondente do Conselho Geral dos Missionários Espiritanos para países em África, na América Latina e na Península Ibérica, acrescenta que isso faz com que, depois, as sociedades se tornem “extremamente injustas”, com “gente muito rica, gente muito pobre e o pão que chega para todos afinal falta muitas bocas”, porque muitas pessoas não têm “a mínima liberdade, nem da expressão, nem de circulação, nem da expressão religiosa”.

LS/CB/OC

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