Proteção de menores: «Não se pode aceitar nenhum silêncio ou ocultação em relação ao tema dos abusos», reafirmou o Papa

Francisco citou as diretrizes da Conferência Episcopal Italiana para falar da necessidade de proteger, escutar e curar

Foto Vatican Media

Cidade do Vaticano, 18 nov 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje que é necessário “proteger, escutar e curar” as pessoas menores ou vulneráveis que são vítimas de qualquer tipo de abuso, um tema que não admite “nenhum silêncio ou ocultação”

“Quem protege, quem protege o próprio coração, sabe que ‘não se pode aceitar nenhum silêncio ou ocultação em relação ao tema dos abusos’”, afirmou o Papa, citando as diretrizes da Conferência Episcopal Italiana  para a proteção de menores e pessoas vulneráveis”.

Francisco recebeu em audiência os participantes dos Serviços e dos Centros Territoriais de Escuta para a proteção de menores e dos mais vulneráveis da Igreja Católica em Itália, e disse que, para concretizar a proteção de menores e pessoas vulneráveis, é preciso “proteger, escutar e curar”.

O Papa indicou que, proteger menores e pessoas vulneráveis, implica “participar ativamente na dor das pessoas feridas” e envolver “toda a comunidade cristã”, porque “a ação de proteção é parte integrante da missão da Igreja na construção do Reino de Deus”.

O Papa referiu-se depois ao tema dos abusos como “um drama” que diz respeito a todos os âmbitos da sociedade, nomeadamente no contexto familiar, lembrando que as estatísticas mundiais apontam para uma percentagem de 42 a 46% de abusos em ambiente doméstico, denunciando um silêncio que “encobre tudo”, também no mundo do desporto u escolar.

Francisco apontou depois a necessidade “saber escutar”, “deixando de lado toda forma de protagonismo e interesse pessoal” e colocando no centro de todas as ações “aqueles que sofreram ou estão a sofrer e quem é mais frágil e vulnerável”.

“A escuta das vítimas é o passo necessário para fazer crescer uma cultura de prevenção, que se materializa na formação de toda a comunidade, na implementação de procedimentos e boas práticas, na vigilância e naquela clareza de ação que constrói e renova a confiança”, sublinhou.

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Francisco disse que a escuta de quem sofreu abusos é “o único caminho para partilhar verdadeiramente o que aconteceu na vida de uma vítima”.

“Somos chamados a uma reação moral, a promover e a testemunhar a proximidade com aqueles que foram feridos por um abuso. Saber escutar é cuidar das vítimas”, afirmou.

O Papa acrescentou depois que só “percorrendo o caminho do proteger e do escutar é possível curar” e disse que as comunidades da Igreja Católica devem “ser uma provocação saudável para a sociedade, na sua capacidade de assumir os erros do passado e de abrir novos caminhos”.

“A cura das feridas é também obra de justiça. Precisamente por esta razão é importante julgar aqueles que cometem tais crimes, ainda mais se em contextos eclesiais. E eles próprios têm o dever moral de uma profunda conversão pessoal, que conduza ao reconhecimento da própria infidelidade vocacional, à retomada da vida espiritual e ao humilde pedido de perdão às vítimas pelos seus atos”, referiu o Papa.

A audiência do Papa aos participantes no primeiro encontro nacional dos Serviços e dos Centros Territoriais de Escuta para a proteção de menores e dos mais vulneráveis, decorreu no dia em que toda a comunidade eclesial em Itália assinala, pelo terceiro ano, uma jornada de oração, pedido de perdão e sensibilização para o crime dos abusos sobre menores ou pessoas vulneráveis.

PR

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