Rita Sacramento Monteiro apresenta o projeto «Ponto de Cruz», que vai promover o diálogo em vários pontos do país a partir dos princípios da Doutrina Social da Igreja
Lisboa, 28 jan 2024 (Ecclesia) – Rita Sacramento Monteiro, do Conselho Editorial do Ponto SJ, afirmou que as propostas dos partidos políticos devem ser “claras, fundamentadas e realistas”, rejeitou as decisões populistas e aponta a verdade e a ética como “absolutamente fundamentais”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA e à Renascença no contexto do lançamento do projeto “Ponto de Cruz” pelo portal Ponto SJ, da Companhia de Jesus, Rita Sacramento Monteiro constata que, atualmente, o olhar sobre a política “tornou-se negativo, desacreditado”.
“Verdade e ética são palavras absolutamente fundamentais para restaurarmos um olhar sobre o exercício público e político que seja positivo”, afirmou.
Para Rita Sacramento Monteiro, a “boa política, a confiança das pessoas nas instituições políticas e democráticas faz-se também da razoabilidade e do bom senso das propostas”, que devem ser “claras, fundamentadas e realistas”.
“Nenhum português está à espera de que um problema grande como o da habitação e como o da inflação se resolvam do dia para a noite. Não é isso que se espera. Mas, de facto, os portugueses têm de sentir que podemos esperar, gerar coletivamente algo de bom”.
Rita Sacramento Monteiro considera que é fácil “agarrar numa bandeira” e ditar propostas de “forma populista” como se a realidade fosse sempre “preto ou braco”, referindo que “realidade é muito complexa” e que as “narrativas de mudança” não acontecem de um dia para o outro em que tudo muda “como se fosse um sonho ou até um jogo”.
“Nós estamos hoje a semear o país que queremos ser sempre amanhã. É dessas políticas que precisamos. Políticas geradoras de esperança e que abram sentido às pessoas. Eu acho que nós hoje estamos a viver um tempo em que faz falta sentido, faz falta essa esperança”.
Para a Rita Sacramento Monteiro, o dever de participação pública de cada cidadão não se reduz ao voto, nem a um ato eleitoral, e, independentemente do que aconteça nas eleições legislativas de 10 de março, o país pede “um envolvimento de todos”.
“Cada um de nós tem uma palavra a dizer não só no dia 10, mas tem uma palavra a dizer todos os dias na forma como constrói o bem comum nas suas decisões, como agente económico, como agente político, como agente social. É importante relembrar-nos disso. O sonho é construído todos os dias”, sustenta.
O rubrica “Ponto de Cruz”, do portal Ponto SJ, tem o objetivo de promover o diálogo sobre a participação política em torno dos princípios da Doutrina Social da Igreja e quer “contribuir positivamente para a reflexão e para a discussão” sobre o que cada pessoa sonha para Portugal.
“Esta rubrica pretende promover a reflexão que ajuda, obviamente, ao momento eleitoral que vamos viver agora e depois ao momento eleitoral para as europeias, mas que vai além disso: pretende, de facto, que as pessoas se impliquem e percebam que a política tem a ver com a nossa construção coletiva e com a forma como nós participamos e desenhamos aquilo que queremos ver e ser”.
Após um debate sobre os princípios da Doutrina Social da Igreja – dignidade da pessoa humana, bem comum, solidariedade e subsidiariedade – a rubrica “Ponto de Cruz” vai levar o debate sobre a participação política a diferentes zonas do país para que, também a partir da realidade local, surja um manifesto.
“É um manifesto sem pretensões, mas simplesmente com o objetivo de contribuir para a construção de um sonho, que tem que ser coletivo, mas que possa ser pela positiva a apontar caminhos para o país”, indicou.
Rita Sacramento Monteiro adiantou que o manifesto que resultar da reflexão desenvolvida no “Ponto de Cruz” pode ser enviado a várias entidades, “nomeadamente para os partidos políticos”, e tem o objetivo de ir “além da Igreja Católica”, saindo também da “esfera religiosa”.
PR