Portugal: «Que temos feito para a erradicação da pobreza?» – Cáritas

Instituição assinala Dia Internacional dedicado a este tema

Lisboa, 17 out 2017 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa chamou hoje a “atenção” para a “recusa de conhecimento corresponsável da pobreza” e a falta da promoção de um “conhecimento estatístico” da realidade das comunidades cristãs, numa mensagem pelo Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.

“Que temos feito para a erradicação da pobreza, de maneira sistemática e radical? Limitamo-nos a chamar a atenção para duas lacunas graves, entre outras, que parecem invencíveis: a recusa de conhecimento corresponsável da pobreza no país, e ausência de atuação sistemática nas suas causas.”, alerta a instituição católica.

Na mensagem enviada à Agência ECCLESIA, a organização acrescenta que as comunidades católicas “não procedem ao conhecimento estatístico”, resultante do contacto direto de proximidade e ajuda, e “não refletem regularmente sobre este assunto”, visando soluções assistenciais e estruturais.

“Tal «desconhecimento» verifica-se, aliás, na generalidade das outras instituições, bem como no meio académico, no Estado central e nas autarquias locais”, observa a Cáritas Portuguesa que constata que o Cristianismo existe “há cerca de dois mil anos” e o tema dos pobres é central na mensagem cristã.

Para a organização, “quase toda a gente” atribui enorme relevância às estatísticas de base científica sobre a pobreza e ignoram a pobreza que está a seu lado, “o enorme esforço diário dos pobres e de quem os ajuda”.

“Numa leitura otimista, dir-se-á que existe hoje uma consciência generalizada acerca da injustiça da pobreza e do imperativo da sua erradicação, em contrapartida, escasseiam a consciência coletiva e a ação consequente”, explica a instituição católica.

A Cáritas Portuguesa exemplifica que a publicação, “meritória”, da Carta Social, no âmbito do Ministério do Emprego e da Solidariedade e Segurança Social é significativo de “omissões” porque “falta a referência às listas de espera, às necessidades não atendidas por respostas adequadas, à sustentabilidade efetiva das respostas existentes”.

Neste contexto, realça ainda que a Assembleia da República “não vem cumprindo” as Resoluções adotadas em 2008 com vista ao “acompanhamento da situação de pobreza em Portugal”, e tendo em conta que “conduz à violação dos direitos humanos”.

“Numa leitura otimista, dir-se-á que existe hoje uma consciência generalizada acerca da injustiça da pobreza e do imperativo da sua erradicação”, analisa a organização católica que considera que, em contrapartida, “escasseiam a consciência coletiva e a ação consequente”.

“A Cáritas Portuguesa não deixará de atribuir-lhes toda a prioridade”, conclui a mensagem enviada pelo presidente da instituição, Eugénio Fonseca, no Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.

CB

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