Portugal: Cáritas alerta para cenário «muito preocupante» de crise social

Organização católica regista «aumento generalizado» dos pedidos de ajuda

Foto: Lusa

Lisboa, 08 nov 2022 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa alertou hoje para um cenário “muito preocupante” de crise social no país, nos próximos meses, falando num aumento “generalizado” dos pedidos de ajuda.

“Portugal enfrenta um final de ano de 2022 e um início de ano de 2023 muito preocupante. As diversas proveniências das crises com que nos debatemos exigem intervenção multissetorial e uma grande capacidade de rentabilizar as interdependências”, refere o texto, enviado à Agência ECCLESIA.

A rede nacional da Cáritas acompanha “com preocupação” a situação da sociedade portuguesa, ao registar “um aumento generalizado em todo o país dos pedidos de ajuda”.

“As famílias que mais procuram a Cáritas são famílias de classe média e média-baixa. Há uma tendência comum para um aumento da procura por parte de famílias em situação de empregabilidade”, precisam os responsáveis.

A nota aponta ao “aumento generalizado” de famílias de outros países que procuram ajuda de emergência, destacando a “pressão” que os pedidos de apoio de estrangeiros, migrantes e refugiados colocam sobre a rede nacional da Cáritas.

A organização católica sublinha que orçamento alimentar básico mensal aumentou 45 euros ao longo do último ano.

“As condições de vida de muitas famílias em Portugal já eram muito frágeis. Esta fragilidade é visível em inúmeros dos chamados ‘indicadores de privação material severa’. Também para muitas destas famílias, os desafios económicos atuais representam uma representam uma barreira difícil de transpor, principalmente, sem recurso a ajudas fora do seio familiar”, acrescenta o comunicado.

O aumento das despesas de primeira necessidade (incluindo também combustíveis, saúde, educação, comunicação, água, rendas, eletricidade e vestuário) terá sido mais do dobro. Estes valores são muito superiores aos apoios previstos para acudir à situação de emergência gerada pela inflação”.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

A rede nacional, composta por 20 Cáritas Diocesanas, apoia anualmente cerca de 120 mil pessoas.

“A Cáritas luta para dar resposta ao aumento das solicitações, à sua diversidade e, por outro lado, ao aumento dos custos de gestão, para garantir que quem nos procura encontra sempre uma porta aberta e a resposta de emergência de que necessita”, refere a organização.

A nota identifica o acesso à habitação como “uma das principais dificuldades para a integração de pessoas vulneráveis”, nomeadamente jovens estudantes, famílias com baixo rendimento e pessoas sem abrigo.

“Não há medidas políticas nem estratégias que permitam vislumbrar soluções no curto prazo, o que compromete o futuro de muitos”, lamenta a Cáritas Portuguesa.

A organização de caridade e ação humanitária da Igreja Católica regista ainda um decréscimo de disponibilidade por parte dos doadores, considerando que “as medidas com vista à sustentabilidade das respostas sociais tardam em chegar”.

“Como Cáritas acreditamos que uma parte fundamental do nosso trabalho se faz nas relações de proximidade e apesar das dificuldades continuaremos a procurar caminhos eficazes para inverter as situações de vulnerabilidade e dar às famílias a quem servimos um olhar de esperança sobre o futuro”, indica Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa.

OC

 

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