Portugal/África: Jovens partem em missão, durante um ano, para Angola e São Tomé e Príncipe

Inês Mota e Pedro Bacalhau destacam formação da organização não-governamental católica «Leigos para o Desenvolvimento»

Lisboa, 18 set 2023 (Ecclesia) – Inês Mota e Pedro Bacalhau vão partir em missão, respetivamente para Angola e São Tomé e Príncipe, neste mês de setembro, permanecendo nos países africanos durante um ano com a Associação ‘Leigos para o Desenvolvimento’ (LD).

“Há alguns anos pensaria em ir em missão para África, depois esta ideia foi perdida com finalizar os estudos, começar a fazer estágio para a ordem, entrar no mercado de trabalho. Achava que não ia acontecer e, de repente, o meu namorado Lourenço mandou uma mensagem a desafiar-me: ‘e se fôssemos fazer a formação dos Leigos?’, recordou hoje Inês Mota, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A jovem de 28 anos de idade explica que durante a formação dos LD também seria uma oportunidade de perceber como é que a sua vida “se poderia organizar para esta partilha ser possível, desde largar o trabalho, parar o doutoramento”, e as coisas foram sendo orientadas para o ‘sim’” à missão.

Segundo a entrevistada, a vontade de partir “foi crescendo muito numa busca da alegria de estar ao serviço com Jesus e querer crescer também nesta relação”.

Pedro Bacalhau despediu-se para ir em missão com a organização não-governamental para o desenvolvimento (ONGD) católica e recorda que também se inscreveu na formação porque “vários amigos e conhecidos tinham feito e diziam que só por si valia a pena”.

“À medida que fui avançando, ia fazendo muito sentido conhecer melhor a organização, de uma forma muito mais próxima, identificando-me com a forma de atuar, com os valores, com os projetos. Tudo se ia encaminhando para este fim e foi-se também tornando, mais ou menos claro, que se fosse para partir em missão não seria o trabalho que me ia impedir”, desenvolveu o jovem que vai para São Tomé e Príncipe.

Os voluntários tiveram formação, ao longo de um ano, em diversas áreas: voluntariado, desenvolvimento, vida espiritual e em comunidade.

Pedro Bacalhau destaca que esta formação é dada por formadores que já foram em missão, “no terreno”, chamados de “anciãos”, e é “muito ampla”, onde conhecem a organização, tem “uma componente também muito humana, de relacional” e, mesmo que não partam em missão, “é muito rica porque traz muita coisa boa, ferramentas para o resto da vida”.

“Mais do que este partir em missão, acho que o final da formação nos mostra que todos temos uma missão, quer seja o partir, quer seja o ficar, e de certa forma consola quando tomamos a decisão do que fazer no final”, acrescentou Inês Mota.

Inês Mota vai para a Ganda, o destino onde os LD já fizeram missão que menos conhecia, considerando que lhe é dado o “desafio de confiar”.

A jovem missionária explica que a Ganda fica na linha de Benguela, “200 quilómetros para o interior” onde “grande parte do emprego passa pela agricultura”, esta missão dos ‘Leigos para o Desenvolvimento’ é “recente”, tem cerca de dois anos, mas é um trabalho “muito valorizado” pela comunidade.

“O meu trabalho tem como objetivo a diminuição do desemprego e do êxodo rural, o intuito é conseguir que os jovens que não se queiram dedicar à agricultura possam ter um lugar e não tenham de sair para Benguela ou para Luanda à procura de um trabalho”, desenvolveu.

Já Pedro Bacalhau vai para São Tomé e Príncipe, onde os LD estão há 37 anos, “desde o início da organização”, e há cerca de 12 que estão no Bairro da Boa Morte.

“Faz sentido entregar os projetos à comunidade, ficar 100% autónoma”, e, neste ano pastoral 2023/2024, vão entregar esses projetos “e iniciar missão noutra comunidade, o Bairro de Praia Melão, mais pequeno, de pescadores”, onde vai ficar com o ‘projeto grupo comunitário’, que é uma espécie de fórum”.

Os ‘Leigos para o Desenvolvimento’ são uma ONGD católica ligada à Companhia de Jesus (Jesuítas), que trabalha há mais de 35 anos em prol do desenvolvimento integral e integrado em países de expressão portuguesa, atualmente, em Angola, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Neste ano pastoral 2023/2024, e ainda neste mês de setembro, a associação vai enviar seis novos voluntários, com idades entre os 21 e os 28 anos, para as suas missões em África, durante um ano; a Missa de envio, de festa e bênção, foi celebrada no dia 10 de setembro, na igreja do Colégio São João de Brito, dos jesuítas, em Lisboa.

Três voluntários vão para Angola – Inês Mota; Mariana Assunção; Roberto Torres – e outros três para a Missão em São Tomé e Príncipe – Beatriz Bernardo; Lourenço Sarávia e Pedro Bacalhau.

A associação contabiliza que “beneficiaram dos seus projetos”, no último ano, cerca de 20.000 pessoas/ano, e já partiram em missão mais de 450 voluntários; os jovens voluntários, que permanecem no terreno pelo período mínimo de um ano, atuam como “facilitadores, privilegiando a relação, a parceria, o conhecimento local, a simplicidade de meios e a capacitação”.

HM/CB/OC

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