Porto: Seminário Maior entra em obras para se abrir a turistas e visitantes

Requalificação do espaço quer manter comunidade formativa no «coração histórico da cidade», mas oferecer ao turismo resposta de «tranquilidade, cultura e vista sobre o rio Douro»

Foto: Diocese do Porto/João Lopes Cardoso

Porto, 10 nov 2023 (Ecclesia) – O Seminário Maior do Porto vai entrar em obras, com a duração prevista de 4 a 5 anos, para preparar o espaço, visando acolher novamente a comunidade formativa e abrir-se à oferta turística.

“Não podíamos ter espaços vazios e fechados, uma vez que se degradam. Falamos de um património valioso e histórico, não o podemos fechar mas devemos sim, partilhá-lo. Estamos a fazer parcerias com a autarquia, a Direção Regional de Cultura do Norte, para nos ajudar a requalificar este espaço, permitindo que a sociedade o possa usufruir para bem de todos”, explica à Agência ECCLESIA o padre Joaquim Samuel Guedes, ecónomo da Diocese do Porto.

Com o iniciar do projeto de requalificação, que deverá preservar uma ala para a manutenção do objetivo inicial da casa, ou seja, acolher a comunidade formativa da diocese em ordem à formação dos seminaristas, a comunidade do Seminário transitou para as instalações do Seminário Episcopal de Nossa Senhora do Rosário de Vilar.

A obra é complexa na sua arquitetura, entende o responsável, “também na sua exigência uma vez que se trata do coração histórico da cidade do Porto”, mas assegura a vontade para que o projeto esteja pronto, “se tudo correr bem, entre quatro a cinco anos”.

“O Seminário de Vilar tem hoje um movimento muito grande e a formação sacerdotal precisa do seu espaço, tranquilidade e privacidade para fazer a sua atividade tal como é exigida. Queremos transferir para a sua casa original, a comunidade do Seminário Maior do Porto”, assinala.

A requalificação pretende abrir os espaços ao turismo, que já acontece com o acesso ao museu e à Biblioteca, mas quer também oferecer “um espaço de alojamento voltado para o rio Douro, onde os turistas podem ficar, descansar, usufruir da vista e do espaço cultural a montar”.

O padre Samuel Guedes recorda que desde o episcopado de D. Júlio Tavares Rebimbas que a requalificação dos espaço tem sido um caminho realizado pela Diocese do Porto.

“A requalificação do Seminário de Vilar foi feita há 30 anos, com o arcebispo D. Júlio, que decidiu, uma vez que já não tinha a responsabilidade da formação para o sacerdócio, ali instalar a Casa diocesana, composta por dois setores: de um espaço para reuniões, formação para todos os movimentos e secretariados da pastoral, mas também um espaço de alojamento para acolher retiros, e formações de vários dias onde as pessoas pudessem ser alojadas”, recorda.

Com a diminuição da “atividade pastoral”, a diocese repensou o espaço e, neste momento, está licenciado para acolher turismo.

“A cidade do Porto está cheia de turismo e ali há um lugar para acolhermos os turistas, criando sustentabilidade para a instituição; abrimos também o espaço à iniciativa privada onde podem realizar formações, congressos e outras atividades com ou sem alojamento”, indica.

O padre Samuel Guedes sublinha a importância de estabelecer pontes e de favorecer o trabalho em rede.

“Essa tem sido uma preocupação da Diocese do Porto, com todos os que trabalham no mundo, com responsabilidade de serviço aos outros. Temos de estar ao seu lado e ajudar, com a nossa possibilidade e carisma, a transformar o que é um problema em bem para os que o vão usufruir”, regista.

Assim acontece nas instalações do Seminário de Ermesinde, uma quinta com 22 hectares, vários edifícios que durante a pandemia de Covid-19 transformou alguns espaços em “hospital de campanha” para acolher pacientes.

“Após a pandemia, as instalações acolheram também cidadãos vindos da Ucrânia, consequência da guerra naquele país. Desde que começou a guerra, até ao dia de hoje, funciona um centro de acolhimento para refugiados, numa parceria com a Segurança Social e a Obra Diocesana que gere o espaço. A diocese abriu as suas portas e colaboramos com gosto com a sociedade e o mundo”, explica o ecónomo.

A requalificação dos espaços, originalmente alocados à formação dos futuros sacerdotes, vai estar em destaque no programa Ecclesia emitido este sábado, na Antena 1, pelas 06h00.

LS

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