Portalegre-Castelo Branco: «O território do interior não pode continuar a ser pasto de chamas» – Presidente da Cáritas Diocesana

Elicídio Bilé pediu aos partidos políticos que «mudem de paradigma» 

Foto Lusa, Incêndio Mação, julho2019

Portalegre, 22 jul 2019 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco afirmou hoje que o interior “não pode continuar a ser ignorado” e a “ser pasto de chamas” e disse que os partidos políticos têm de escutar as lideranças regionais.

“Em período pré-eleitoral é necessário que a sociedade humana e os partidos políticos mudem de paradigma e ouçam os lamentos vindos de todo o lado, sobretudo dos Autarcas e das Corporações de Bombeiros quando afirmam: ‘continuamos a evacuar aldeias o que mostra que não aprendemos a proteger as populações…’ e ‘O Estado volta a falhar às populações, repetindo os erros de 2017’”, declarou Elicídio Bilé.

Para o presidente da Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco,“o território do interior desertificado não pode continuar a ser ignorado e a ser pasto de chamas, de abandono e de desumanização”.

“É necessário que todos estejam empenhados na coesão territorial, como grande objetivo para o desenvolvimento humano, harmonioso, integral e feliz”, referiu.

Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, Elicídio Bilé recordou que as “feridas” dos incêndios de 2017 ainda não estão cicatrizadas e “as mesmas populações, paróquias, autarquias e corporações de bombeiros estão de novo confrontados com o flagelo do território ardido, das habitações e dos bens patrimoniais destruídos, com a voragem das chamas e com a angústia das comunidades”.

“Ouve-se o clamor de quem, repetidamente, vive rodeado de desolação, de paisagem queimada, de ar irrespirável”, afirmou.

Para o presidente da Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco permanecem perguntas, todos os anos, a respeito de quem “não aprendeu ou não quer aprender com a história recente” ou sobre as razões que motivam a legislação “para punir os poucos agricultores e as resilientes populações”, sem por em prática as leis que podem “contribuir para combater e evitar o flagelo dos fogos florestais”.

Elicídio Bilé defende modelos de intervenção social que acompanhem os problemas das pessoas, “cada uma individualmente”, na certeza de que têm “uma dimensão coletiva”.

“Na Cáritas temos fomentado o acompanhamento de processos de desenvolvimento das pessoas, partindo do ponto de vista da animação comunitária, não só como oportunidade inclusiva do território, mas também como fator de desenvolvimento humano”, afirmou.

“Esta animação comunitária tem sido e é para a Cáritas o âmbito identitário da sua ação”, acrescentou Elicídio Bilé.

O presidente da Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco defendeu um “modelo de ação social baseado na participação”, comprometendo-se como o “acompanhamento” e “propondo, denunciando e gerando esperança”.

Desde o último sábado, quando iniciaram incêndios em Mação e Vila de Rei, já arderam mais de 8500 hectares na região centro do país.

PR

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