Pobreza: «Há mais famílias a passar necessidades», afirma diretora da Comunidade Vida e Paz

Instituição deseja que resposta da Câmara Municipal de Lisboa ao retirar pessoas sem-abrigo, junto à Igreja dos Anjos, e realojá-las em pensões, se torne transversal

Diretora-geral da Comunidade Vida e Paz, Renata Alves Foto: Agência ECCLESIA/LJ

Lisboa, 13 dez 2024 (Ecclesia) – A diretora-geral da Comunidade Vida e Paz afirmou que o número de famílias carenciadas cresceu, apontando vários fatores na origem deste incremento.

“Percebemos claramente que há mais famílias a passar necessidades, sobretudo pelo aumento do custo de vida, da inflação, também dos conflitos a nível das guerras que têm existido”, afirmou Renata Alves, em declarações à Agência ECCLESIA, acrescentando ainda as consequências da pandemia de Covid-19.

Relativamente ao número de pessoas em situação de sem-abrigo, a responsável adianta que nesta fase final do ano houve um decréscimo, sobretudo na zona de Lisboa onde as equipas voluntárias de rua da CVP atuam todas as noites.

“Houve aqui uma ligeira diminuição, motivada pelas ações que foram feitas pela Câmara de Lisboa, ali junto da Igreja dos Anjos e também na zona do Oriente. Por outro lado, nas outras cidades da área metropolitana, onde nós tivemos também intervenção, houve aumento”, assinalou.

A diretora-geral da CVP acredita que a diminuição de pessoas sem-abrigo em determinados zonas da cidade pode não ser, de facto, “muito realista”, uma vez que se assiste “ao aumento noutros locais”.

A Câmara Municipal de Lisboa anunciou em outubro que retirou mais de 50 pessoas que estavam a viver em tendas junto à Igreja dos Anjos, em Lisboa, e realojou-as em pensões.

“Quando vimos, de facto, ações tais como a que foi feita à volta da Igreja dos Anjos, nós gostaríamos que isso fosse transversal, que fosse personalizado e que pudéssemos conseguir encontrar espaço para que todas as pessoas saíssem da rua. Mas, infelizmente, não existem essas respostas”, lamentou Renata Alves.

A diretora-geral da Comunidade Vida e Paz refere que 2024 foi complexo, tendo começado com a instituição a ir ao encontro de 510 pessoas na rua, um número que foi aumentando até meio do ano.

“Foi um ano difícil, na medida em que aumentaram as pessoas em situação de sem-abrigo, e foi um ano também difícil, porque os recursos da instituição são os mesmos para fazer face a este aumento”, indicou a responsável.

Cada vez mais as pessoas apresentam “mais necessidades ao nível da saúde física, da saúde mental e outras questões”, relata Renata Alves, que diz que a preocupação da instituição está em conseguir garantir a resposta adequada ao perfil de cada pessoa.

A Comunidade Vida e Paz é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, com personalidade jurídica e civil, sem fins lucrativos e tutelada pelo Patriarcado de Lisboa.

Fundada em 1989, a organização apoia pessoas em situação de sem-abrigo e vulnerabilidade social através de respostas como o Centro de Intervenção de Primeira Linha, Comunidades Terapêuticas e de Inserção e da Unidade de Apoio à Reinserção.

LJ/OC

A entrevista à diretora-geral da Comunidade Vida e Paz insere-se no programa 70×7, transmitido no próximo domingo, na RTP2, pelas 07h35, que é dedicado ao trabalho desenvolvido por esta esta IPSS, sobretudo na vertente de ir ao encontro de pessoas em situação de sem-abrigo.

 

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