Pastoral Juvenil: «Grandes responsáveis das nações: ouçam os jovens. Eles são o principal barómetro para a rota da humanidade» – D. Rui Valério

Patriarca de Lisboa enalteceu «dimensão espiritual» e falou da vontade dos jovens de «pôr termo à guerra, incrementar a paz, a justiça, a promoção dos direitos humanos e do respeito pela sua dignidade»

Agência ECCLESIA/LS

Lisboa, 20 out 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa pediu hoje que os “grandes responsáveis das nações” possam ouvir os jovens que indicam “o barómetro” para onde a humanidade deve caminhar, combatendo o desencontro entre “o desígnio e as palavras”.

“Sempre que há uma referência à situação de guerra, sempre que há uma referência a uma situação de injustiça, como os jovens têm uma sensibilidade espetacular. Isso faz-me transformar tudo num desejo e num voto: que os grandes responsáveis das nações, e eu estou a falar numa dimensão global, numa dimensão mundial, escutassem mais os jovens das suas nações, os seus jovens, porque viam ali que eles são o principal barómetro para compreender qual é a rota e o rumo que a própria humanidade quer assumir”, afirmou D. Rui Valério no final do encontro «Rejoice», em Lisboa.

O responsável lamentou um “desencontro entre o desígnio e as palavras e as opções dos responsáveis”.

“A humanidade, na sua globalidade, está desejosa e ansiosa para pôr termo à guerra, para incrementar a paz e a justiça e a promoção dos direitos humanos e do respeito pela sua dignidade. E eu vejo isto aqui nos nossos jovens”, indicou aos jornalistas.

O patriarca de Lisboa reconheceu a “dimensão espiritual dos jovens” e o seu empenho com a causa da paz e indicou que para os jovens “não há uma banalização do mal”: “Eles levam muito a sério e tratam com muita seriedade os fracassos, as desilusões, os não cumprimentos. Entre os jovens não há ligeireza, não há superficialidade”.

“Ontem à tarde passei muito tempo em confissões e isto deixa-me surpreendido. Deparamos com uma juventude, ou seja, uma parcela significativa de humanidade que, afinal de contas, não se rendeu ao materialismo, pelo contrário: encontramos nos jovens uma dimensão essencial da existência humana, que é a dimensão espiritual”, sublinha.

O patriarca de Lisboa pediu que a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica seja um lugar de “formação de cidadania ativa”.

Agência ECCLESIA/LS

D. Rui Valério apontou a importância de os jovens hoje, “adultos cidadãos amanhã, envolvidos em política” possam ter vidas “centradas no Evangelho e em Jesus”, redescubram a “centralidade da pessoa” e que cuidem da “história, da memória”.

“Os mísseis e as bombas que estão a cair em cidades, em regiões, em localidades, estão a dizimar vidas, valor supremo, e estão a destruir história – estamos, aos poucos, a destruir a memória da humanidade, e há uma aliança entre memória e esperança. Se nós estamos a abafar, a sufocar a memória dos povos, estamos a comprometer a esperança e o futuro”, indicou.

Recordando os encontros «Rise Up», que congregaram os jovens nas paróquias em torno do tema da paz da parte da manhã, no segundo dia do encontro nacional da juventude «Rejoice», o patriarca de Lisboa indicou haver “tantos modos de formar” dentro da Igreja e que os jovens, “no seu interior” ou em “ações de solidariedade”, têm capacidade de “agarrar” estes temas.

D. Rui Valério afirmou-se ainda “muito expetante” sobre a XVI Assembleia geral do Sínodo dos Bispos, em especial com a tónica “missionária”.

“Anseio para compreender qual foi o novo recentrar dentro da Igreja que este sínodo consagra à missão, porque eu acredito que é a força da missão que dá sentido a tudo o resto. É a força da missão que faz acontecer comunhão, participação, sinodalidade”, indicou.

Aos jornalistas o patriarca de Lisboa deu ainda conta do compromisso que “paróquias, dioceses, as famílias” estão a demonstrar com o Jubileu 2025.

“É verdade, ficamos sempre enriquecidos pela ternura que a memória e o ano passado nos deu, mas nós vemos que se abrem tantas estradas, tantos caminhos à nossa frente.

LS

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