Paquistão: Fundação Ajuda a Igreja que Sofre recorda «outras Asia Bibi que ainda estão presas por blasfémia» no país

Minorias religiosas precisam de «uma nova era», realça Catarina Bettencourt

Lisboa, 31 out 2018 (Ecclesia) – A diretora da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre em Portugal disse hoje que com a absolvição de Asia Bibi “foi feita justiça no Paquistão”, relativamente ao caso da mulher cristã que estava presa desde 2010.

“Hoje é um dia de muita alegria em que damos graças a Deus pela libertação de Asia Bibi. Esperamos que seja apenas o início porque há muitas outras ‘Asia Bibi’ no Paquistão presas por blasfémia”, apontou Catarina Bettencourt.

A decisão sobre o caso de Asia Bibi, uma mulher cristã, mãe de cinco filhos, que há quase 9 anos estava presa no ‘corredor da morte’, acusada de blasfemar contra Maomé, foi anunciada esta quarta-feira de manhã pelo Supremo Tribunal de Justiça do Paquistão.

A sentença de absolvição deverá ter efeitos imediatos, com a libertação de Asia Bibi, que assim se poderá juntar à sua família, quase 9 anos depois.

Catarina Bettencourt, directora da Fundação AIS em Portugal, expressou ainda o desejo de que esta tomada de posição da justiça paquistanesa possa dar início a “uma nova era para as minorias”, nos países ainda marcados pelo radicalismo religioso.

O director nacional da Comissão Nacional Justiça e Paz do Paquistão também já abordou esta questão, mostrando-se “satisfeito por finalmente se ter feito justiça”.

“Na atual situação em desenvolvimento, e com os protestos dos grupos extremistas, que o Senhor abençoe e proteja a Asia e a sua família, e mantenha todos os nossos irmãos e irmãs cristãos a salvo aqui no Paquistão”, expressou o padre Emmanuel Yousaf.

Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a Fundação Ajuda a Igreja que Sofre partilha ainda a reação da família de Asia Bibi, neste caso do marido, Ashiq Masih, e de uma filha, Eisham Ashiq, que consideram este “o momento mais maravilhoso” que podiam ter.

“Estou desejosa de abraçar a minha mãe e celebrar com a minha família. Estou grata a Deus por ter escutado as nossas preces”, diz Eisham Ashiq, de 18 anos.

“Estamos muito agradecidos a Deus por ter escutado as nossas preces e as de tantas pessoas que ansiaram pela libertação de Asia Bibi durante todos estes anos de sofrimento e angústia”, acrescenta Ashiq Masih.

Asia Bibi foi a primeira mulher a ser condenada à morte no Paquistão, em 2010, ao abrigo da chamada lei da blasfémia.

Uma norma que tem sido denunciada pela Fundação AIS e por outras instâncias internacionais, por ser instrumentalizada de modo a atentar contra o direito à liberdade religiosa e à dignidade das minorias.

No caso de Asia Bibi, que residia e trabalhava em Punjab, ela foi acusada de ofender Maomé depois de um desentendimento com mulheres muçulmanas por causa de um copo de água.

Em primeira instância, Asia Bibi foi condenada à morte, uma sentença que depois conheceu vários recursos, sempre desfavoráveis à mulher cristã.

Até esta quarta-feira, dia 31 de outubro, em que o Supremo Tribunal de Justiça do Paquistão decidiu anular o veridicto capital que pesava sobre Asia Bibi.

JCP

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