Papa: Francisco pede que «vida concreta» das pessoas se sobreponha a «esquemas burocráticos»

Audiência aos profissionais do Direito promovida pelo Tribunal da Rota Romana foi ocasião para entender as leis ao serviço da evangelização

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 18 fev 2023 (Ecclesia) – O Papa pediu hoje aos participantes no curso de formação para profissionais do Direito, promovido pelo Tribunal da Rota Romana, para terem presente a vida “concreta” das pessoas ao invés de a “encurralar em esquemas formalistas e burocráticos”.

“A missão do canonista não é uma utilização positivista dos cânones para procurar soluções convenientes para problemas legais ou tentar certos ‘atos de equilíbrio’. Entendido desta forma, as suas ações ou serviriam qualquer interesse, ou procurariam encurralar a vida em esquemas formalistas e burocráticos rígidos que negligenciam os verdadeiros direitos. Não devemos esquecer o maior princípio, o da evangelização: a realidade é superior à ideia, o ‘concreto’ da vida é superior ao formal, sempre; a realidade é superior a qualquer ideia, e esta realidade deve ser servida com direito”, explicou esta manhã.

Francisco pediu que no meio de um trabalho “com regras, processos e sanções”, nunca se perca de vista “os direitos” e que as pessoas, “no centro deste trabalho”, sejam sempre “sujeitos e “objetos” do direito.

“Estes direitos não são reivindicações arbitrárias, mas bens objetivos, destinados à salvação, a serem reconhecidos e protegidos. Vós, como estudiosos do direito, tendes uma responsabilidade especial em fazer brilhar a verdade da justiça na vida das Igrejas particulares: esta tarefa é uma grande contribuição para a evangelização”, sublinhou.

O Papa quis lembrar a ligação que une o Direito à evangelização, e falou de uma “única missão da Igreja”.

Esta iniciativa do Curso para Praticantes de Direito Canónico e Pastoral Familiar faz parte do serviço multifacetado da Cúria Romana à missão evangelizadora da Igreja, de acordo com o espírito da Constituição Apostólica Praedicate Evangelium.

Foto: Vatican Media

Francisco sublinhou que os participantes são desafiados a “passar do universal ao concreto”, e elegeu este como um caminho de sabedoria judicial.

“O julgamento judicial ou a ajuda judicial não são feitos através de equilíbrios ou desequilíbrios, eles são feitos através desta sabedoria. É preciso ciência, é preciso capacidade de ouvir; acima de tudo, irmãos e irmãs, é preciso oração para julgar bem. Desta forma, nem os requisitos do bem comum inerentes às leis nem as devidas formalidades dos atos são negligenciados, mas tudo é colocado dentro de um verdadeiro ministério da justiça”, indicou.

Francisco pediu que no espírito sinodal, também os que trabalham na administração da justiça saibam “caminhar juntos, escutar “ para poderem ser “profissionais justos”.

“Uma manifestação concreta disto é a necessidade de procurar conselhos, de procurar a opinião daqueles que têm mais conhecimentos e experiência, com esse desejo humilde e constante de aprender sempre para melhor servir a Igreja nesta área”, indicou.

O Papa reconheceu uma “crescente consciência da interação entre a pastoral familiar e os tribunais eclesiásticos” e pediu que as exigências de “verdade, acessibilidade e celeridade prudente” possam orientar o trabalho dos profissionais do Direito.

LS

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