Natal: Presépio na igreja matriz de Peniche mostra Jesus sozinho, entre destroços, para evocar guerra na Terra Santa

Francisco Gonçalves Domingos quis associar nascimento do Menino ao «sofrimento de tantas crianças»

Foto: Paróquia de Peniche (Facebook)

Peniche, 04 jan 2024 (Ecclesia) – A igreja de Nossa da Ajuda, a matriz da Paróquia de Peniche (Patriarcado de Lisboa), construiu um presépio onde Jesus está sozinho, no meio de escombros, numa evocação à guerra na Terra Santa, com “um significado muito especial, muito único”.

“É mais forte, arrepia-nos, acaba por ser quase aterrador ver assim uma criança completamente desamparada, sozinha, sem ninguém, sem uma mãe, sem um pai, sem uma mão, é terrível. Assim a mensagem passou mais forte”, disse hoje Francisco Gonçalves Domingos, à Agência ECCLESIA.

O entrevistado, conhecido como professor Chico, realça que quem nasce no presépio é o Menino, “já foi assim no primeiro Natal e continua a ser o Menino”, e cabe a cada um, “uns mais, outros menos, fazer de pai, fazer de mãe”, de alguma maneira tornar-se presente, “junto daquela criança e de todas as outras crianças”.

Neste Natal, o autor quis associar o presépio à “guerra na Terra Santa”, território onde Jesus nasceu.

“Ao vermos tudo quanto nos envolve, tudo quanto nos rodeia, o nosso pensamento vai sempre para as crianças e como o Natal é o nascimento de uma criança muito especial quis fazer uma homenagem, evocar, o nascimento de Jesus associado ao sofrimento de tantas crianças que neste momento estão no palco das guerras”, explicou.

Já o pároco de Peniche salientou que é um “mundo em escombros onde nasce a luz”, anualmente o presépio pretende retratar uma realidade mais marcante, “às vezes, com sentido dramático da atualidade”, têm sempre esta “atenção a que o presépio seja a manifestação deste Deus que encarna na história dos homens”.

“Este ano face a todos os acontecimentos e cenários de guerra, e muito concretamente na Palestina, na terra onde Jesus nasceu, em Belém, no meio de escombros. Jesus é este rosto de ternura e de amor que ainda assim nos dá esperança”, acrescentou o padre Diogo Correia à Agência ECCLESIA.

Foto: Paróquia de Peniche (Facebook)

Francisco Gonçalves Domingos que já construiu “centenas de presépios”, quando era catequista tinha ajuda do grupo e antes da reforma dos seus alunos de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), revela que, este ano, teve “muita dificuldade” em concretizar o projeto do presépio sozinho.

“Colocar o menino Jesus no meio do monte de escombros não é fácil, juntar os cacos é muito fácil, mas colocar o menino Jesus no meio daquela trapalhada toda é muito difícil. Tive sorte, um dos meus filhos e o meu neto ajudaram-me, estiveram ao meu lado porque não sei se seria capaz de chegar ao fim. Quando terminei ficámos arrepiados”, desenvolveu.

O professor Chico assume algum receio, quando implementou a ideia, mas destaca que as pessoas perceberam a mensagem: “Nunca tive tantos ecos como este ano”.

“Está a passar muito bem e ainda bem, ou então andaríamos todos muito, muito distraídos e valha-nos Deus, é proibido andarmos distraídos com tudo quanto nos rodeia. É longe mas toca-nos o coração, direta ou indiretamente, tem tudo a ver connosco e com a nossa vida”, salienta o agente pastoral.

O padre Diogo Correia sublinha que a representação do presépio na igreja matriz de Peniche tem cumprido a sua missão que “é de ser uma interpelação forte no coração dos homens”, por um lado o realismo do tempo atual, “da guerra, da ferida entre os homens”, e, ao mesmo tempo, existe a esperança “e só Jesus é que traz e as pessoas têm manifestado muito isso”, e tem causado “profundo impacto” nas partilhas que recebem.

O sacerdote adiantou que a representação do presépio na igreja de Nossa da Ajuda vai ser desmontada depois da festa do Batismo do Senhor, que se celebra, em Portugal, a 8 de janeiro, encerrando o tempo litúrgico do Natal.

CB/OC

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