Natal: «Não estão sós», garantiu o patriarca de Lisboa na visita ao Hospital Amadora-Sintra

D. Rui Valério destacou o encontro com «irmão doente» que, apesar do seu sofrimento, «tem muito viva a chama da esperança»

 

Amadora, 20 dez 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa visitou o Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Hospital Amadora-Sintra), passou em serviços e esteve com doentes, médicos e enfermeiros, administrativos e com a direção, transmitindo a mensagem de que “não estão sós.

“Ir ao encontro de quem está doente, ainda que de uma forma muito simples, muito singela, é para dizer aos meus irmãos e às minhas irmãs, que vivem este momento de sofrimento e de doença, que não estão sós. A mensagem fundamental é essa: Não estás só no teu sofrimento, Deus está contigo”, disse D. Rui Valério, em declarações à Agência ECCLESIA, no final da Eucaristia que presidiu.

Para o patriarca de Lisboa a visita ao Hospital Amadora-Sintra, realizada esta sexta-feira, dia 20 de dezembro, tem importância do ponto de vista pastoral, mas “sobretudo do ponto de vista humano”, e sublinhou que o bispo esteve presente para dizer que Deus sofre o sofrimento deles: “Que Deus chora as vossas lágrimas, Deus sente as vossas dores”.

“Para nós é muitíssimo importante que uma figura como o Senhor Patriarca ter conseguido pensar nos doentes nesta época tão importante e também de quem cuida desses doentes. Esta disponibilidade de nos vir ouvir, de vir estar connosco, acho que é fundamental para quem está aqui a trabalhar e para os próprios doentes, foi muito bom”, destacou a enfermeira-diretora do hospital, Luísa Aguiar-Câmara.

D. Rui Valério visitou o Serviço de Internamento da Ortopedia e o Serviço de Urgência Geral, onde contactou com alguns pacientes, neste segundo serviço ficou tocado pelo “irmão doente que, não obstante o seu padecimento e o seu sofrimento, tem muito viva a chama da esperança”.

“O que significa que quando há proximidade, quando há compreensão, quando há dedicação, o doente não só encara a sua doença, mas leva-a em frente, vai em frente na vida, precisamente porque sente que não está só, mas há toda uma comunidade que o acompanha e que está a servir e que está a viver para ele.”

A enfermeira-diretora do hospital guiou o responsável pela Diocese de Lisboa primeiro no Serviço de Internamento da Ortopedia, seguindo-se a urgência geral, “que é a porta de entrada do hospital, um serviço com características muito complicadas”.

“Pretende-se humanizar os cuidados, não só diretamente com os doentes, como indiretamente através de quem cuida desses doentes”, realçou Luísa Aguiar-Câmara, à Agência ECCLESIA, que também deu a conhecer o “espaço de lazer, de pausa e de refeições” de todos os profissionais da urgência, que foi construído há pouco tempo, e foi uma melhoria nas condições de trabalho destes profissionais de saúde.

O Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca teve hoje a sua festa de Natal, para toda a comunidade hospitalar com várias iniciativas que encerraram as comemorações realizadas ao longo de vários dias e unidades, onde o patriarca de Lisboa presidiu à Missa, na capela, e partilhou uma mensagem sobre esta quadra festiva, o nascimento de Jesus, a dignidade humana, para a “assembleia formada pelas diversas dimensões, pelos setores e por toda a comunidade hospitalar”.

“O Natal encerra em si toda a pujança daquilo que são os valores estruturantes da sociedade ocidental. O Ocidente, naquilo que é na sua relevância cultural, na sua relevância humanista, civilizacional, atinge toda a dimensão estruturante a partir do mistério de encarnação do Filho de Deus em Jesus Cristo”, explicou D. Rui Valério.

O patriarca de Lisboa acrescentou que, estando num contexto hospitalar, “onde a ciência e a fé se entrecruzam”, foi natural evocar e que “se sublinhe exatamente essa pujança, essa capacidade que o Cristianismo, concretamente o mistério da encarnação, contém e encerra para que na explosão dessa força seja construtor de mundo e de uma nova humanidade.”

O presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora/Sintra disse que esta foi “uma visita extremamente importante, enquanto comunidade que presta cuidados de saúde”, com um conjunto de cerca de 4500 colaboradores.

“Maioritariamente, somos uma comunidade católica em Portugal, e, aqui, embora tenhamos também uma multiculturalidade muito presente na unidade local de saúde, respeitando todos os credos, é muito importante a visita no contexto em que visitou os serviços de internamento e trouxe também uma mensagem de esperança, a mensagem que está implícita para o Jubileu em 2025”, salientou Luís Gouveia à Agência ECCLESIA

Luís Gouveia acrescentou que promovem internamente “uma esperança para os doentes que precisam dos cuidados, uma esperança para as famílias que acompanham esses doentes”, enquanto cuidadores formais e informais, e, é nesse sentido que também trabalham “em proximidade com todas as comunidades”.

D. Rui Valério confirmou neste hospital “a dedicação, o espírito de serviço, a prontidão” e a proximidade de quem é profissional de saúde junto dos doentes, junto das pessoas, que “é fulcral em ordem à qualidade da própria saúde que se ministra”.

O padre André Ribeiro, missionário da Consolata, é o capelão do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, desde outubro de 2023, que passou de “uma missão verde, no meio da floresta amazónica, para uma missão de cimento”.

“São seres humanos em qualquer lugar, tanto aqui, como lá, e é como seres humanos que temos que ver os nossos irmãos e cuidar deles o melhor possível, dentro das possibilidades, sabemos que as nossas limitações também são humanas e vamos fazendo aquilo que é possível. As experiências missionárias que eu tive ajudaram muito para agora poder manter isto e estar a acompanhar neste trabalho”, acrescentou o capelão hospitalar que visita os doentes que pedem o seu acompanhamento.

O padre André Ribeiro recordou que convidou o patriarca de Lisboa para ir ao Hospital Amadora-Sintra, neste contexto da “Eucaristia de Natal”, após uma visita de D. Rui Valério a um sacerdote “no final do verão”, porque “seria interessante também para ele conhecer este mundo”.

Um coro de Jovens Missionários da Consolata (JMC) animou esta Missa de Natal e, no final, entregou o poema ‘Natal és tu’ do Papa Francisco, após a sua recitação na Ação de Graças.

CB/PR

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