Moçambique: Ataques violentos são «dor vivida em todo o país», diz missionária portuguesa na região de Cabo Delgado (c/ vídeo)

Casal da Arquidiocese de Braga está em missão há dois anos na Paróquia de Ocua

Lisboa, 10 jul 2020 (Ecclesia) –  Susana Magalhães e Rui Vieira, casal da Arquidiocese de Braga em missão em Moçambique há dois anos, afirmaram à Agência ECCLESIA que os ataques violentos no norte do país têm sido “uma dor sentida na província e comunidade”.

“É uma dor partilhada com quem tem familiares que vivem nessa zona ou que estão a acolher familiares que tiveram de se deslocar”, refere Susana Magalhães.

Rui Vieira aponta que “toda a comunidade diocesana sofre com a questão” e que, mas que ainda não sentiram medo, talvez “pela distância que separa a comunidade de Ocua, no sul do país”.

“Por enquanto não há medo, mas por outro lado não deixamos de ter alguma ansiedade e seguimos com atenção o que se passa, quer pelas populações mas também pelos missionários que aguentaram atá ao máximo que conseguiram”, explica.

Susana e Rui assumiram a missão na Paróquia de Santa Cecília de Ocua, logo após o seu matrimónio, pelo que este lugar foi a sua primeira casa, uma espaço agora também marcado pelas dificuldades sentidas em tempo de pandemia. 

“Há muita coisa parada, ao nível pastoral está tudo parado. Um projeto que tivemos de adaptar foi o apoio ao aleitamento, que não pode parar, porque há bebés que dependem do leite que lhe é dado pelo projeto, tivemos de adaptar e cumprimos a medidas indicadas”, inidca Susana. 

O alerta e a prevenção perante a pandemia foi dificultada pela comunidade.

“As pessoas não encaravam bem, havia dúvidas e até resistência a perceber o que dizíamos, quando alertávamos para a gravidade. As pessoas questionavam se era mesmo assim ou não, é um problema que não se vê, começaram a rir e tivemos de mudar o registo e apontar a gravidade; depois, é difícil gerir expectativas e anseio e dar a perceber que ainda não é tempo de baixar a guarda”, descreve Rui. 

O casal aposta no “alerta e chamadas de atenção para lavar as mãos e o uso de máscaras”, mas sente que também “o exemplo, tentando passar esse testemunho de estar em casa, é parte da mensagem”. 

A Paróquia de Santa Cecília de Ocua, na Diocese de Pemba, tem 96 comunidades espalhadas por 17 zonas pastorais, onde o casal se integra nos vários serviços, da saúde à educação, mas “as visitas a estas comunidades não acontecem por causa da pandemia”.

A “aproximar-se o final da missão” Susana e Rui confessam que “sentiram o desafio de ter uma vida diferente da rotina em casal”, ao viver em comunidade missionária, e ficam com a marca de uma “nova forma de estar e sentir em Igreja num trabalho de pastoral e evangelização assente nos leigos”.

SN

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