Missa Crismal: «Ninguém fique indiferente ao atual estado de elevada fragilidade do nosso País» – Patriarca de Lisboa

D. Rui Valério presidiu pela primeira vez à celebração que reúne os sacerdotes da diocese, lembrou o «drama da guerra», os refugiados e a «pobreza real» que «não cessa de aumentar»

Lisboa, 28 mar 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa agradeceu hoje aos sacerdotes da diocese pelo que são e o que fazem “enquanto padres”, pediu que sejam “lugar existencial de esperança” e estejam atentos à “elevada fragilidade” do país.

“Ninguém fique indiferente ao atual estado de elevada fragilidade do nosso país: poder-se-á considerar que é meramente conjuntural, mas, para a vida real, é sinónimo de mais pobreza e maiores dificuldades”, afirmou D. Rui Valério na homilia da Missa Crismal.

Numa celebração que reuniu mais de cinco centenas de padres, o patriarca de Lisboa pediu-lhes para  partilhar “a pobreza dos pobres” e a “solidão dos que estão sós”, comungar o “sofrimento das vítimas de todas as formas de abusos” e cuidar o valor da oração, no “atual contexto da era digital”.

“O nosso múnus sacerdotal, desafia-nos a ser mais do que mestres de oração, exige que sejamos mediadores de relação. Que não valha apenas a experiência de Deus que um sacerdote faz, mas aponte-se para a experiência de Deus que uma comunidade, ou mesmo um povo inteiro, pode fazer através da experiência de Deus que o sacerdote vive”, afirmou.

Na celebração da Missa Crismal são benzidos os óleos dos Catecúmenos, usado nas cerimónias de batismos de crianças e de adultos, dos enfermos, pelos padres na administração do sacramento da Unção dos Doentes, e do Crisma, usado nas celebrações do sacramento da Confirmação.

“Através dos santos óleos, podemos ser força restauradora de vidas desfeitas e desprotegidas, de histórias interrompidas”, afirmou.

O patriarca de Lisboa referiu-se também ao drama da guerra, em muitas partes do mundo, e que, há mais de dois anos, assola a Ucrânia, barbaramente agredida pela Rússia, a que se juntou a má-nova da Guerra na Terra Santa”.

“Não podemos, tão pouco, ignorar o sofrimento e o desamparo de tantas pessoas que, na sua condição de refugiados e migrantes, são vítimas de exploração e discriminações várias, mesmo entre nós”, sublinhou.

Na homilia da Missa Crismal, D. Rui Valério referiu-se à “pobreza real” que “não cessa de aumentar, estando já a atingir não só as classes mais desfavorecidas, mas também a classe média”, afirmando que se trata de uma situação que “turva o horizonte do mundo”.

Diante dos sacerdotes que trabalham no Patriarcado de Lisboa, o bispo diocesano valorizou a presença de todos, “dando corpo e visibilidade ao presbitério”, lembrou os que não podem estar presentes por motivos de trabalho ou de doença e expressou gratidão a todos.

“Caros irmãos, nada vos peço, somente vos proponho sermos juntos a força da ‘esperança que salva’, na medida em que realizarmos o nosso sacerdócio na esteia da proximidade e da participação nas vicissitudes da humanidade”, afirmou.

A Missa Crismal antecede o Tríduo Pascal, que inicia com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, na tarde desta quinta-feira, evocando a instituição da Eucaristia e do sacerdócio e o “mandamento do amor”, simbolizado no gesto do lava-pés.

No fim da celebração desta manhã, o patriarca de lisboa anunciou a nomeação de sete cónegos e entregou a cada sacerdote um livro “A Oração do Coração”, de dom André Poisson.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o patriarca de Lisboa falou em “tempos de grande polarização, o que nunca é bom sinal”, convidando os responsáveis políticos e a sociedade a “pensar o futuro”, recuperando o “entusiasmo da esperança” nos 50 anos da democracia.

PR

Lisboa: Homilia de D. Rui Valério na Missa Crismal

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