Missa Crismal: Bispo de Angra incentivou a «olhares fixos em Jesus, de esperança, de amor»

«A solidão também se vence com a forma como nos olhamos e amamos uns aos outros», indicou D. Armando Esteves Domingues aos sacerdotes

Angra do Heroísmo, Açores, 26 mar 2024 (Ecclesia) – O bispo de Angra destacou três olhares de que se precisam na Missa Crismal, que presidiu hoje, 26 de março, na Sé, uma celebração onde benzeu os Santos Óleos e esteve praticamente todo o presbitério, que renovou as promessas sacerdotais.

“Renovar as Promessas significa recordar uma história de amor entre Deus e nós. Para cada um, oxalá seja uma ocasião propícia como nunca para cada um reafirmar a própria fidelidade a Cristo que o escolheu para ministro da Sua Igreja e introduziu nesta fraternidade de irmãos que é o Presbitério Diocesano”, disse D. Armando Esteves Domingues, no início da sua homilia, esta terça-feira.

Na reflexão da Missa Crismal, enviada à Agência ECCLESIA, o bispo de Angra disse aos sacerdotes que precisam que o presbitério “seja, mais que nunca, fraterno, amigo, generoso, aberto à renovação”, por isso, o seu primeiro “pedido ao Senhor” é que caminhem juntos e sejam “construtores de fraternidade, exemplo para as comunidades”.

“Há solidão num bispo ou num padre? Há; A solidão também se vence com a forma como nos olhamos e amamos uns aos outros”, acrescentou, adiantando que ia falar “de olhar e de olhares de Jesus”.

Na homilia, que partiu da frase bíblica “estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga”, do Evangelho de São Lucas (Lc 4,20), o bispo dos Açores afirmou que há “um universo de gente, de irmãos, a precisar como nunca de uma Palavra acompanhada de obras”.

“Sabemos que não é só no momento da homilia que temos os olhos fixos em nós. Muitos olhos fixam-se na nossa forma de vida! O que é uma vantagem pois a vida é a melhor explicação da Palavra proclamada”, assinalou, sobre a necessidade de “olhares fixos em Jesus”.

D. Armando Esteves Domingues propôs um segundo olhar – ‘olhares de amor’ – e lembrou que no início do Tríduo Pascal, em Quinta-feira Santa, vão ler no Evangelho de João a cena do lava-pés, questionando “que olhar terão trocado os apóstolos e Jesus de joelhos a seus pés”.

“Jesus misericordioso lava-nos e limpa-nos os pés para irmos mais longe, de terra em terra levar um amor que não espera recompensa. Lava-nos para a liberdade de ir, não apenas com as mãos ungidas da Ordenação, mas com o corpo, alma e todos os sentidos consagrados para a missão”, desenvolveu, na Missa Crismal, na Sé de Angra.

O mundo de hoje e, quem sabe, o nosso presbitério parece demasiado pobre de olhares que não procurem consolação ou recompensa; de olhares que saibam focar a pobreza do outro sem julgamentos, sem distâncias. Precisamos de um olhar que conduza ao serviço fraterno.”

O bispo de Angra partilhou que, às vezes questiona-se “porque são tantos a abandonar a Eucaristia e a afastar-se da Igreja”, observando que “é muito o que já se faz, mas parece não ser suficiente”: “Será porque não se sentem acolhidos e amados ou porque a Igreja não se apresenta com esta imagem de serva?”.

Segundo D. Armando Esteves Domingues, também “precisam-se olhares de esperança”, e, neste terceiro olhar, destacou o relato da Paixão, de Sexta-Feira Santa, e Jesus “voltou-se e fixou o seu olhar em Pedro”, quando o “galo cantou”.

Faz-nos bem parar no lugar de Pedro e ver Jesus a olhar-nos fixamente. Pedro dá conta como é difícil ser coerente entre o que se pensa e quer e o que acontece quando falta coerência! Imagino aquele olhar dirigido a mim, a nós homens de Deus e só consigo ver um olhar de amor. Encanta-me a profundidade, a doçura do olhar que encontram os olhos tímidos e já chorosos de Pedro.”

O bispo de Angra já tinha presidido à renovação das promessas sacerdotais, com mais de 30 padres, esta segunda-feira, 25 de março, na igreja matriz de São Sebastião em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.

CB/OC

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