Migrantes/Lisboa: Incêndio na Mouraria deve servir de alerta, diz pároco local (c/vídeo)

Padre Edgar Clara refere que muitas pessoas «alugam camas», em vez de quartos

Foto: Lusa

Lisboa, 15 fev 2023 (Ecclesia) – O pároco das paróquias que acompanha a comunidade da Mouraria, em Lisboa, considera que o incêndio que provocou a morte de duas pessoas, a 4 de fevereiro, alerta para a situação dos migrantes na capital portuguesa.

“O fluxo migratório que se faz sentir no centro da cidade de Lisboa é muitíssimo maior do que acontecia há vários anos” e pode proporcionar “estas tragédias”, disse o padre Edgar Clara à Agência ECCLESIA.

O sacerdote do Patriarcado de Lisboa está naquele bairro da cidade há 13 anos, onde é pároco do Castelo, Santiago, Socorro e São Cristóvão e São Lourenço, sentindo que o fluxo dos imigrantes tem crescido muito e com nuances diferenciadas.

“Há cerca de 4 ou 5 meses a cidade de Lisboa tinha um fluxo migratório de timorenses, agora não se sabe porque as pessoas alugam uma cama e habitam a Mouraria por uma semana, um mês ou um ano”, disse, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).

Esta, sublinha, é uma situação de “fragilidade e até clandestinidade” porque não é visível até aos olhos das pessoas.

“Fiz um pequeno estudo sobre a questão religiosa na Mouraria e ela muda de ano para ano, diria que ela muda de mês para mês”, realçou o padre Edgar Clara.

Naquele bairro histórico da cidade de Lisboa habitam pessoas “em espaços exíguos e em elevado número”.

“Não alugam quartos, alugam camas e isto chama a atenção para um problema crónico da cidade, que se tem agravado nos últimos anos”, aponta o pároco local.

Com as transformações, “muitos habitantes saíram daquele bairro típico” e aquelas habitações foram “transformadas em alojamento local”.

O bairro da Mouraria “está cheia de imigrantes asiáticos, muitos indianos mas principalmente do Bangladesh”, sublinhou o padre Edgar Clara.

A chegada de imigrantes à cidade de Lisboa “é notória”, mas a capacidade de acolhimento “só se verá daqui a 10 ou 15 anos”.

Com uma pluralidade de identidades religiosas, o pároco daquele bairro realça que é “complexo e difícil” fazer pastoral.

HM/LFS/OC

 

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