Mensagem de Natal do bispo de Viseu

D. António Luciano

Foto: Agência ECCLESIA/PR

É preciso construir o Natal da Paz e da Esperança!

O Natal é sempre a festa da vida e do encontro com Jesus, o Salvador do mundo.

Peço a Jesus, o “Príncipe da Paz”, para conceder a todos o amor, a justiça e a paz!

Esta Mensagem de Natal dirige-se a todos vós, com sentimentos de renovada alegria, de esperança e de estabilidade humana, fraterna e social. A todas as comunidades paroquiais, religiosas, estruturas da Diocese, Instituições Particulares de Solidariedade Social com os seus responsáveis, utentes, funcionários e benfeitores. A todos os pobres, doentes, fragilizados e seus cuidadores, bombeiros, profissionais de saúde, proteção civil e voluntários.  Aos responsáveis do Governo, Administração Pública, Autárquica e Social.

Convido os sacerdotes, os diáconos, os religiosos, os consagrados, as famílias, os agentes da pastoral e os jovens a serem profetas da alegria, da esperança, da consolação, da justiça, do amor e da paz para anunciarem ao mundo de hoje, Jesus Cristo, centro e o fundamento das “Raízes da Alegria”, que todos somos chamados a ser e a viver. Só Jesus Cristo é a verdadeira fonte e raiz da nossa vida.

Na comemoração dos 800 anos da construção do primeiro Presépio, “Sinal Admirável”, por São Francisco de Assis, convido-vos a unir o vosso coração a Deus em espírito de ação de graças por tão nobre iniciativa. Era a Noite de Natal de 1223: “todos voltaram para as suas casas cheios de inefável alegria”. Foi um Natal diferente, vivido de um novo modo com a celebração da Eucaristia num estábulo de animais, que marcou para sempre a vida dos cristãos e da Igreja. A partir daquele dia, sempre que construímos o Presépio fazemos memória do nascimento de Jesus.

A grande alegria brota da mensagem trazida pelo mensageiro celeste. “O anjo disse-lhes: Não temais, pois vos anuncio uma grande alegria, para todo o povo. Nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador que é Cristo Senhor” (Lc 2, 10-11).  Naquela noite cheia de paz e de alegria, no silêncio da escuridão da noite, gelada e fria uniu-se ao Anjo uma multidão de coros celestes que louvavam a Deus e cantavam dizendo: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que Ele ama” (Mt 2, 14).

Inspirado neste belo quadro do nascimento de Jesus, diante do Presépio, imploro a paz para o mundo: “O Sinal Admirável do Presépio, muito amado pelo povo cristão, não cessa de suscitar maravilha e enlevo. Representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus” (Sobre o Significado e Valor do Presépio).

Contemplando o nascimento de Jesus e o de tantas crianças em ambientes de fragilidades, de vulnerabilidades, de dificuldades e de perseguições atravessando os mares e os desertos proclamemos o valor “inviolável da vida”.

Convido-vos a caminhar “todos juntos”, valorizando a festa do Natal de Jesus, do seguinte modo:

Acolher a vida como dom de Deus, na expressão de saber dar-se com gratuidade aos que mais precisam.

Dialogar com todos os seres humanos fechados em labirintos de consumismo, de indiferença e perdidos em tantas encruzilhadas da vida com sinais de morte.

Aproximar a nossa vida dos outros com respostas concretas aos desafios e problemas, que emergem da solidão, do medo e do isolamento, tecendo fios novos de vida, que ajudem a conhecer e a compreender o mundo em que vivemos.

Criar comunidades fraternas, vivas e solidárias, capazes de fortalecer o diálogo social e a alegria contagiante de estarmos todos juntos na mesma barca.

Fortalecer o dinamismo pastoral na esperança e no compromisso com todos os que são chamados à fé e ao testemunho. Desafiar para o caminho sinodal a participação de todos, envolvendo os batizados num processo de renovação, que leve a Igreja a ser uma verdadeira “Assembleia Sinodal”, de modo a que ninguém fique de fora.

Cuidar das pessoas com amor, misericórdia, compaixão e resiliência, consolando os pobres, os doentes, os frágeis, os abatidos, os indiferentes, os presos, os migrantes, os refugiados, os marginalizados e os excluídos da sociedade de hoje, envolvendo-os no mistério cristão do Natal.

Integrar as gerações mais jovens, continuando o espírito e o trabalho da JMJ nas nossas paróquias de modo a chamar os que andam dispersos e desanimados ao caminho da vida, da paz, da reconciliação e do perdão.

Servir as pessoas e as comunidades, que nos estão confiadas sem medo, sem complexos, sem receios, mas com empatia e espírito de compaixão. Tratar das feridas de “Todos, Todos, Todos” com os sentimentos de Jesus o Bom Pastor e Bom Samaritano.

O mundo esfacelado em que vivemos, envolvido nas suas dores, gemidos e medos, cresce no ateísmo, na indiferença, na fome, na pobreza, na guerra, nos conflitos e nas injustiças humanas e sociais, que destroem a humanidade e ofuscam o verdadeiro sentido da vida.

Que o Senhor nos conceda um Natal de alegria, de esperança e de paz para sermos mais irmãos, mais solidários e pessoas queridas e amadas por Deus em todas as circunstâncias da nossa vida.

Convido-vos a construir e a contemplar o Presépio com fé, oração e silêncio, adorando Jesus, como Maria e São José. Sejamos todos construtores do verdadeiro Natal cristão, colocando Jesus a “Raiz da nossa Alegria” no centro das nossas vidas.

Olhemos para todos aqueles que não têm alegria para celebrar o Natal, os perseguidos, os refugiados, os sem abrigo, os migrantes, os que vivem sozinhos, em cenários de guerra, de violência, de opressão e de perseguição até à própria morte.

Sejamos testemunhas do verdadeiro Natal de Jesus, com sentimentos de verdadeiro humanismo, e valores assentes na família e na fé. Façamos surgir no mundo Presépios inspirados na ternura de Jesus, no silêncio orante de São José, e na alegria interior de Maria, a Mãe de Jesus, o Salvador que nasceu para nos salvar.

D. António Luciano, bispo de Viseu

 

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